segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Entrada em Jerusalém: A Soberania de Cristo Parte I Marcos 11:1-11

 

Serie de Sermões em Marcos

Titulo: A Entrada em Jerusalém: A Soberania de Cristo Parte I

Marcos 11:1-11

Pregado na manhã de Domingo, do dia 03 de Julho de 2011,

na igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,

por Gustavo Barros

Marcos 11:1-11 1 Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, 2 dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo que entrarem, encontrarão um jumentinho amarrado, no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no aqui. 3 Se alguém lhes perguntar: ‘Por que vocês estão fazendo isso? ’ digam-lhe: ‘O Senhor precisa dele e logo o devolverá’ ".4Eles foram e encontraram um jumentinho, na rua, amarrado a um portão. Enquanto o desamarravam, 5alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: "O que vocês estão fazendo, desamarrando esse jumentinho?" 6Os discípulos responderam como Jesus lhes tinha dito, e eles os deixaram ir. 7Trouxeram o jumentinho a Jesus, puseram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou.8Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam cortado nos campos.9Os que iam adiante dele e os que o seguiam gritavam: "Hosana!" "Bendito é o que vem em nome do Senhor!"10"Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi!" "Hosana nas alturas!" 11Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-se ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, foi para Betânia com os Doze.

Introdução e Contextualização:

Chegamos à última semana da vida e ministério de Jesus. Foram três anos de ministério – proclamando as verdades do Reino de Deus, curando, libertando, restaurando e ressuscitando.

Grande parte do ministério de Jesus ocorreu na região da Galiléia, mas o objetivo e destino final eram Jerusalém!

E agora Jesus chega à Jerusalém – a Cidade Real, a Cidade Santa, a cidade onde o Templo se encontra, o centro religioso de Israel, a cidade onde Jesus prometeu ser desprezado e crucificado.

Jerusalém é o lugar onde Jesus será entregue à crucificação – a cruz se aproxima!

A cruz marca o fim de uma Antiga Aliança e o começo de uma Nova Aliança. A cruz que é tão importante no Evangelho de Marcos está cada vez mais próxima e com a chegada da cruz há dois fins:

I – o Fim da Vida de Cristo na Terra.

II – o Fim de Israel – Jerusalém e o Templo (todo o sistema religioso judaico).

O Fim de Cristo trará o fim de toda uma Aliança.

Então começamos não só o Fim da Vida de Cristo, mas também o Fim de Israel.

A última semana da vida de Jesus é tão importante que grande parte dos Evangelhos foca nesses últimos dias:

Mateus: ¼ do evangelho foca nessa semana

Marcos: 1/3 do evangelho.

Lucas: 1/5 do evangelho.

João: ½ do evangelho.

Dos 89 capítulos dos evangelhos – 30 capítulos focam na última semana.

Se os autores dos Evangelhos, que foram inspirados pelo Espírito Santo, viram tamanha importância nesses últimos eventos, Ai de nós se tratarmos essa fase da vida de Jesus com displicência.

Há apenas 2 histórias que são encontradas nos 4 Evangelhos (além do processo da morte e ressurreição): I – O Milagre da Multiplicação – Alimenta 5 mil homens (Mt. 14:13-21; Lc. 9:10-17; Mc. 6:30-44; Jo 6:1-14); II – A Entrada de Jesus em Jerusalém (Mc. 11:1-11; Mt. 21:1-11; Lc 19:9-38; Jo 12:12-19). Se os 4 evangelista viram tamanha importância que todos eles mencionaram, então precisamos pedir ao Espírito Santo que abra nossos olhos para vermos a beleza e profundidade desse evento!

Assim como a história da multiplicação dos pães essa história revela de forma poderosa a soberania e ao mesmo tempo a humildade de Cristo.

Na história da multiplicação vimos Jesus como o Pastor-Davi que teve compaixão das pessoas e de forma soberana mostrou toda sua autoridade sobre as leis da natureza e criou pão e peixe, como o Bom Pastor Ele serviu as pessoas alimentando-as com a Palavra e com alimento físico.

Marcos 11:1-11 mostra Jesus não mais como o Pastor-Davi, mas como o Filho de Davi – com toda autoridade e soberania Ele prepara Sua entrada em Jerusalém e ao mesmo que Ele reflete toda soberania de um rei, Jesus também revela sua humildade – montado não em um cavalo de guerra, mas um simples jumentinho.

Dessa vez Cristo veio em um jumentinho, recebendo os louvores de alguns poucos verdadeiros discípulos e de uma massa que não tinha compreensão do que estava realmente fazendo. Mas Ele voltará – não em um jumentinho trazendo a paz, mas em um cavalo e com a espada do julgamento.

Divisão do Estudo:

I – a aproximação e preparação do rei (vS.1-6)

ii – a soberania do rei (vs.7-10)

III – a observação do rei (v.11)

I – a aproximação e preparação do rei (vS.1-6)

1 Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, Jesus enviou dois de seus discípulos, 2 dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo que entrarem, encontrarão um jumentinho amarrado, no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no aqui. 3 Se alguém lhes perguntar: ‘Por que vocês estão fazendo isso? ’ digam-lhe: ‘O Senhor precisa dele e logo o devolverá’ ".4Eles foram e encontraram um jumentinho, na rua, amarrado a um portão. Enquanto o desamarravam, 5alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: "O que vocês estão fazendo, desamarrando esse jumentinho?" 6Os discípulos responderam como Jesus lhes tinha dito, e eles os deixaram ir.

A LOCALIZAÇÃO:

V.1Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé e Betânia, perto do monte das Oliveiras, -

Em sua marcha para Jerusalém Jesus saiu de Jericó (10:46-52) e agora chega em uma região muito importante.

BEFTAGÉ – (‘casa dos figos’?) essa área é difícil de ser encontrada com precisão, mas era considerada um subúrbio, ou vilarejo de Jerusalém.

BETÂNIA – ficava aprox. 3 km de Jerusalém. Essa cidade é importante, pois Lázaro [Marta e Maria] morava lá (Jo 11:1). É em Betânia que Jesus irá ficar a semana toda da Páscoa (Mc.11:11-12;14:3)

PERTO DO MONTE DAS OLIVEIRAS – Marcos menciona o Monte das Oliveiras por causa da conotação messiânica desse loca:

Zc 14:4 - Naquele dia os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, e o monte se dividirá ao meio, de leste a oeste, por um grande vale, metade do monte será removido para o norte, a outra metade para o sul.

Ez 11:23 - A glória do Senhor subiu da cidade e parou sobre o monte que fica a leste dela.

Além do sentido messiânico, esse monte é importante, pois é nele que Jesus vai pregar o grande Discurso Escatológico (Mc.13).

CRONOLOGIA:

Jesus saiu de Jericó e chegou à Betânia 6 dias antes da Páscoa (Jo 12:1) - sábado ou domingo (?) – e passou esse dia na casa de Lázaro, Marta e Maria.

É no outro dia (Jo 12:12) que Jesus entra em Jerusalém. Há certo debate nas contas dos dias:

Alguns acreditam que Jesus chegou à Jerusalém na segunda-feira.

Outros estipulam que Jesus entrou em Jerusalém no domingo.

Independente se era domingo ou segunda a certeza que temos é que esse era o PRIMEIRO DIA da semana final de Jesus e Israel, e esse primeiro dia é de extrema importância!

Vs.1b-2 - Jesus enviou dois de seus discípulos, 2 dizendo-lhes: "Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo que entrarem, encontrarão um jumentinho amarrado, no qual ninguém jamais montou. Desamarrem-no e tragam-no aqui.

Provavelmente o povoado é Beftagé.

A SOBERANIA DE CRISTO NA PREPARAÇÃO DA SUA MORTE:

A dúvida que surge é se isso tudo já havia sido pré-organizado ou se foi a onisciência de Cristo. Havia Jesus usado sua onisciência e providência divina para providenciar esse animal? Talvez, mas não necessariamente!

Jesus era sim onisciente e tinha controle de tudo, mas nessa situação a minha interpretação é que Jesus já havia arrumado tudo.

Jesus teve todo poder, controle e planejamento sobre a Sua morte! Nós sabemos que Jesus já havia estado naquela região anteriormente, Jesus já havia passado o dia anterior em Betânia.

A ‘senha’ dada pelos discípulos e a resposta dos donos do animal (11:5-6; Lc 19:33) sugerem que Jesus já havia organizado perfeitamente a Sua morte.

Essa mesma pré-organização pode ser vista na casa onde eles realizaram a Ceia (14:12-16).

A importância disso tudo é tremenda! Jesus tinha total controle sobre a Sua própria morte!

Ele não foi um ‘coitado’ que foi pego de surpresa pela punição de um pai irado, mas tanto o Filho como o Pai já haviam planejado tudo e tinha total domínio sobre a situação:

Jo 10:17-18 - Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. Tenho autoridade para dá-la e para retomá-la. Esta ordem recebi de meu Pai".

Ap. 13:8 - Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.

O ANIMAL REQUERIDO:

UM JUMENTINHO (Gk. πῶλος- potro), NO QUAL NINGUÉM JAMAIS MONTOU” – Mateus e João falam de um ὄνος - burro ou asno.

Em Mateus 21:7 há menção de dois animais:

Um jumentinho que nunca havia sido montado seria controlado melhor tendo a sua mãe ao seu lado para acalmá-lo no meio do tumulto no caminho à Jereusalém” (Zondervan Illustrated Bible Background Commentary – Matthew, pg. 128)

O jumento é um animal importante no contexto bíblico do Messias:

Gn 49:9-11 – Judá é um leão novo. Você vem subindo, filho meu, depois de matar a presa. Como um leão, ele se assenta; e deita-se como uma leoa; quem tem coragem de acordá-lo? O cetro não se apartará de Judá, nem o bastão de comando de seus descendentes, até que venha aquele a quem ele pertence, e a ele as nações obedecerão. Ele amarrará seu jumento a uma videira e o seu jumentinho, ao ramo mais seleto; lavará no vinho as suas roupas, no sangue das uvas, as suas vestimentas.

Zc 9:9 - Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta.10Ele destruirá os carros de guerra de Efraim e os cavalos de Jerusalém, e os arcos de batalha serão quebrados. Ele proclamará paz às nações e dominará de um mar a outro, e do Eufrates até aos confins da terra.

A tradição judaica usava essas passagens para falar da chegada do Messias em um jumento.

O jumento representa HUMILDADE e PAZ!

Ele não escolhe cavalos de guerra, mas um jumento.

Um jumento que ninguém montou:

Animal pronto para uso sagrado e digno de um Rei.

De acordo com o Mishnah ninguém podia andar no jumento de um rei.

O animal usado por um rei deveria ser sagrado e não usado por mais ninguém.

Na lei Mosaica o animal usado para o sacrifício precisava ser totalmente separa.

Nm 19:2 – Esta é uma exigência da lei que o Senhor ordenou: Mande os israelitas trazerem uma novilha vermelha, sem defeito e sem mancha, sobre a qual nunca tenha sido colocada uma canga.

Dt 21:3 - Então as autoridades da cidade mais próxima do corpo apanharão uma novilha que nunca foi usada no trabalho e sobre a qual nunca foi posto jugo.

v.3Se alguém lhes perguntar: ‘Por que vocês estão fazendo isso? ’ digam-lhe: ‘O Senhor precisa dele e logo o devolverá’

J.D.M. Derrett propõe que Jesus estava exercendo o direito de um rei (e até mesmo de alguns rabinos) de usufruir de um animal para cavalgar. Mas como vimos isso era, provavelmente, a ‘senha’ que já havia sido combinada.

“O SENHOR PRECISA DELE...” - O ‘Senhor’ (kyrios)

Jesus se é o SENHOR – no A.T. o termo ADON (senhor) era usado frequentemente para YHWH.

Jesus é o Deus do Antigo Testamento – Senhor sobre todas as coisas!

O jumento pertence ao seu Criador – Jesus Cristo!

O SENHOR precisa dele! O Todo Soberano!

Vs.4-6 – A PERFEIÇÃO DO PLANO DE JESUS:

Tudo ocorre como Jesus havia falado.

Os planos de Deus são perfeitos e jamais são estragados!

Sl 33:11 – Mas os planos do Senhor permanecem para sempre, os propósitos do seu coração, por todas as gerações.

Is 25:1 - O SENHOR, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei, e louvarei o teu nome, porque fizeste maravilhas; os teus conselhos/planos antigos são verdade e firmeza.

Os planos de Deus são tão perfeitos que o homem tem muita dificuldade em entendê-los.

Jó 37:5 - A voz de Deus troveja maravilhosamente; ele faz coisas grandiosas, acima do nosso entendimento.

Os planos e caminhos do nosso Senhor e Salvador são tão perfeitos que os discípulos não entenderam nada do que estava ocorrendo!

Jo 12:16 - A princípio seus discípulos não entenderam isso. Só depois que Jesus foi glorificado, perceberam que lhe fizeram essas coisas, e que elas estavam escritas a respeito dele.

Assim como eles, nós também muitas vezes não entendemos a perfeição e a diferença dos caminhos de Deus!

II – o rei é levado até jerusalém (vs.7-10)

7Trouxeram o jumentinho a Jesus, puseram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou.8Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam cortado nos campos.9Os que iam adiante dele e os que o seguiam gritavam: "Hosana!" "Bendito é o que vem em nome do Senhor!"10"Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi!" "Hosana nas alturas!"

Provavelmente eles combinaram de se encontrar em algum lugar no caminho para Jerusalém – e aqui há esse encontro.

V.7 – “TROUXERAM O JUMENTINHO... E JESUS MONTOU” – Em nenhum outro lugar dos Evangelhos Jesus havia montado um animal. Ele sempre viajava a pé.

Fisicamente não era preciso que ele cavalgasse até Jerusalém.

Os que peregrinavam para Jerusalém eram esperados que caminhassem para dentro da cidade.

Por que Jesus cavalgaria o jumento quando era esperado que todos caminhassem até Jerusalém?

Mateus nos dá uma dica! Mt 21:4 - Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta:

Que profecia seria essa?

Zacarias, 500 anos antes desse acontecimento, havia profetizado a chegada do Messias à Jerusalém em um jumento.

Zc 9:9 - Alegre-se muito, cidade de Sião! Exulte, Jerusalém! Eis que o seu rei vem a você, justo e vitorioso, humilde e montado num jumento, um jumentinho, cria de jumenta.

Esse texto fala da chegada de um rei humilde e gentil que chega à Jerusalém nos lombos de um jumento - e Deus o torna vitorioso!

Essa profecia de Zacarias de um rei vitorioso chegando em um jumento está ligada a um acontecimento histórico de muita importância para a nação de Israel: A chegada de Salomão como Rei!

I Re 1:28-53 – O contexto é da tentativa de Adonias de usurpar o reinado. Salomão de forma pacífica apenas espera a decisão de Davi.

v.37 Assim como o Senhor esteve com o rei, meu senhor, também esteja ele com Salomão para que ele tenha um reinado ainda mais glorioso do que o meu senhor, o rei Davi! "38 Então o sacerdote Zadoque, o profeta Natã, Benaia, filho de Joiada, os queretitas e os peletitas fizeram Salomão montar a mula do rei Davi e o escoltaram até Giom.39 O sacerdote Zadoque pegou na Tenda o chifre com óleo e ungiu Salomão. Então tocaram a trombeta e todo o povo gritou: "Viva o rei Salomão! " – o texto continua com Salomão se mostrando ser um rei de paz e humilde.

Jesus, o Filho de Davi, descendente de Salomão – se achega com as credenciais autenticas de um rei da linhagem de Davi – assim como Salomão, Jesus não usurpa o poder político, mas espera receber no tempo certo.

A soberana humildade é demonstrada no modo que Jesus entra na cidade. “A humildade é demonstrada pelo uso de um jumento, não por que o jumento está abaixo da dignidade de um rei [Davi e Salomão usaram jumentos (II Sam 16:2; I Re 1:38], mas por que esse animal é contrastado com os cavalos de guerra usados pelos líderes militares” (France, R.T. – Tyndale N.T. Commentaries - Matthew, IVP –pg.298).

Diferente de Alexandre - o Grande, Maomé e tantos outros líderes – Jesus não entra na cidade real montado em cavalos de guerra trazendo espadas – mas Ele vem montado em jumentinho.

Dessa vez Cristo veio montado em jumento – trazendo a paz entre Deus e o homem. De forma humilde o Rei se entregou à morte e assim como profetizado em Zacarias 9 diz, através da sua humilde submissão Cristo libertou os prisioneiros através do sangue da Sua aliança (v.11).

Cristo trouxe a paz e a liberdade espiritual.

Mas Ele virá novamente, não mais montado em jumentinho, mas desta vez em um cavalo branco – não mais para trazer paz, mas o julgamento final:

Apocalipse 19:11- 18

Vs.8-10 – A SOBERANIA DE CRISTO SOBRE UMA ESTRANHA EUFORIA:

Acredita-se que mais de 2 milhões de pessoas se reuniam em Jerusalém para passarem a Páscoa. Multidões peregrinavam pelas estradas que levavam à Jerusalém.

Jesus, aqui, estava caminhando com uma multidão de pessoas que já haviam visto Ele ministrar na Galiléia e viram Jesus ressuscitando Lázaro e curando Bartimeu. João relata que pessoas de Jerusalém foram ver Jesus.

A euforia era grande por dois motivos:

1 – Eles estavam chegando à Jerusalém – eles sempre iam cantando pelo caminho.

2 – Agora eles tinham no meio deles um grande candidato à Messias! Mas o Messias que eles esperavam era bem diferente de Jesus.

Lc.19:36-37 – Enquanto ele prosseguia, o povo estendia os seus mantos pelo caminho.Quando ele já estava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos começou a louvar a Deus alegremente, em alta voz, por todos os milagres que tinham visto.

Há um acumulo de sentimentos – eles estão se aproximando de Jerusalém, viram milagres e a expectativa de uma libertação política cria neles essa euforia.

V.8 – “Muitos estenderam seus mantos pelo caminho

Colocar os próprios mantos no caminho do rei era um sinal de submissão. A pessoa estava dizendo que a submissão era tanta que o rei poderia andar por sobre ela.

II Re.9:13 - Imediatamente eles pegaram os seus mantos e os estenderam sobre os degraus diante dele. Em seguida tocaram a trombeta e gritaram: "Jeú é rei! "

As pessoas vêem Jesus montado no jumento (como era esperado do Messias), lembram dos milagres realizados por Ele e toda aquela emoção do momento os leva a fazerem coisas que são apenas exteriores.

outros espalharam ramos que haviam cortado nos campos” –

Os ramos espalhados representavam a vitória do Rei.

Um exemplo disso pode ser visto quando Judas Macabeu reconquistou Jerusalém (II Macabeus10:7).

Vs.9-10“Os que iam adiante dele e os que o seguiam gritavam: "Hosana!" "Bendito é o que vem em nome do Senhor!"10"Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi!" "Hosana nas alturas!"

A resposta dessas pessoas mostra que elas estavam esperando um rei que triunfaria de forma política. Veja a ênfase no ‘Reino de Davi’ – eles querem um rei político – como Davi e Salomão.

Esses versículos representam a liturgia da época. Sempre que eles peregrinavam para Jerusalém eles gritavam Hosana e usavam o Salmo 118. Era normal todo ano as pessoas celebrarem de forma sonora, com cânticos a chegada à Jerusalém durante a Páscoa. A grande diferença é que agora eles estão usando essa liturgia para Jesus. Ele vêem Jesus como o cumprimento de toda essa atividade.

“HOSANA” – essa palavra é a transliteração da expressão hebraica hosi ah na “Oh, nos salva agora!” ou “Salva-nos!”.

Essa expressão estava ligada ao Salmo 118 (Salmos 113-118 – Hallel) – eram cantados durante a época da Páscoa – e expressava a esperança messiânica de salvação para Israel.

Sl 118:19-29 - 25 Salva-nos, Senhor! Nós imploramos. Faze-nos prosperar, Senhor! Nós suplicamos.26 Bendito é o que vem em nome do Senhor. Da casa do Senhor nós os abençoamos.

O salmo 118 é um cântico de agradecimento por vitória militar – que foi incorporado as liturgias de precessões. Acredita-se que o autor era um descendente de Davi – após ser seriamente ameaçado (vs.10-12), o Senhor intervém e lhe dá a vitória (14-18) – cercado por alegre cânticos (15-16) – o rei se aproxima do Templo e pede para entrar (19-20), a permissão é dada e o rei vai para o templo liderando os louvores. Esse salmo passou a ser cantado durante os dias da Páscoa – pois esse salmo reflete a libertação do povo de Deus – assim como havia ocorrido no Egito.

Salmo 113-118 = Hallel (louvor) Egípcio – lembrava o êxodo do Egito.

O Salmo 118 termina essa coleção com o foco em Sião e no Templo – gerando nas pessoas a expectativa de um novo êxodo, tendo um significado importante na expectativa escatológica dos judeus. tendo um significado importante na expectativa escatolndo um rei que triunfaria de forma polistico

"Bendito é o que vem em nome do Senhor!" – Sl 118:26 – Mas o grande problema é que eles não conhecem o SENHOR!

Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi! – O foco deles é no Reino e em Davi! Isso mostra qual é a motivação de toda essa festa. O Reino de Davi tem toda uma conotação política e militar.

"Hosana nas alturas!" -Tú que habitas no céu, nos salve agora!

O que eles anseiam é a salvação política!

O silêncio que era sempre ordenado por Jesus (1:24-25,44;7:36;8:26,30), agora não é mais! Pelo contrário, Jesus agora instiga as pessoas a chamarem a atenção das pessoas.

O tempo dele está chegando ao fim. Ele NECESSITA morrer na sexta-feira, quando os cordeiros eram mortos. Agora é a hora de tirar toda obscuridade e chamar a atenção dos líderes religiosos.

A soberania de Cristo é tanta que Ele usa toda a euforia e as emoções carnais dessas pessoas para o seu próprio plano. A grande maioria dessas pessoas não tinha Jesus como Rei e Senhor dos corações delas!

Cristo usa toda essa festa para aumentar o ódio dos líderes religiosos! Jesus toda essa carnalidade das pessoas para aumentar o ciúmes dos líderes de Jerusalém e assim cumprir seu plano perfeito!

Nós olhamos para essas pessoas e vemos a alegria, a motivação, a paixão e o zelo – mas sem o conhecimento correto – e tudo isso de nada vale para a pessoa! Rm 10:2-3 - Pois posso testemunhar que eles têm zelo por Deus, mas o seu zelo não se baseia no conhecimento. Porquanto, ignorando a justiça que vem de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se submeteram à justiça de Deus.

Lucas diz que quando Jesus viu a cidade de Jerusalém, Ele chorou!

Lc.19:39-42 - Alguns dos fariseus que estavam no meio da multidão disseram a Jesus: "Mestre, repreende os teus discípulos! " "Eu lhes digo", respondeu ele, "se eles se calarem, as pedras clamarão". Quando se aproximou e viu a cidade, Jesus chorou sobre ela e disse: "Se você compreendesse neste dia, sim, você também, o que traz a paz! Mas agora isso está oculto aos seus olhos.

III – o rei entra em jerusalém (v.11)

11Jesus entrou em Jerusalém e dirigiu-se ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, foi para Betânia com os Doze.

Após ver a cidade e chorar pela arrogância, incredulidade, vaidade, hipocrisia e rejeição que nela havia – Jesus chega à Jerusalém pela última vez!

Jesus chega à cidade onde Ele será crucificado – e agora?

Ele entra em Jerusalém com toda a multidão. Os soldados romanos devem ter rido desse homem que se aproximou montado em um jumento. Que Rei é esse que vem em um jumentinho, sem espadas para vencer o império mais poderoso?!

Os líderes religiosos ficaram profundamente curiosos e revoltados. O processo de alimentar o ódio começou!

Diferente do Salmo 118, onde o rei é recebido com festa no Templo, aqui o Rei dos reis não é recebido por ninguém.

Ele vai para o Templo – como o mensageiro profetizado por Malaquias: “Vejam, eu enviarei o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. E então, de repente, o Senhor que vocês buscam virá para o seu templo; o mensageiro da aliança, aquele que vocês desejam, virá", diz o Senhor dos Exércitos. Mas quem suportará o dia da sua vinda? Quem ficará de pé quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do ourives e como o sabão do lavandeiro.” (3:1-2)

OBSERVOU TUDO A SUA VOLTA” --- Assim como quando Ele começou Seu ministério Ele visitou o Templo, agora Ele encerra seu ministério visitando o Templo!

Ele observa tudo como preparação para o próximo dia! Ele observa o estado espiritual daquele lugar!

Jesus age como um sacerdote analisando uma casa com ‘lepra’/embolorada!

Levítico 14:34-45 – O Templo representa a casa podre – essa é a segunda visita de Jesus!

como já era tarde, foi para Betânia com os Doze” – Fim do primeiro dia! A multidão já começa a se frustrar com Jesus, pois Ele não faz a vontade dela.

O que acontecerá no segundo dia?

CONCLUSÃO:

Três lições profundas são reveladas nessa história:

1 – A Soberania de Cristo – É maravilhoso ver como Jesus teve completo domínio e autoridade sobre a sua própria morte. O modo como Ele planejou e toda a entrada em Jerusalém é tão fantástica que até os próprios discípulos não conseguiram entender. A soberania de Cristo em usar toda uma multidão de ignorantes e incrédulos para cumprir seu propósito.

E essa mesma soberania Ele tem sobre a vida de cada um de nós!

Quão maravilhoso é ter um Deus e um Senhor que é SOBERANO sobre todas as coisas!

Sl 73:28 - Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamarei todos os teus feitos.

Sl 25:10 – Todos os caminhos do Senhor são amor e fidelidade para com os que cumprem os preceitos da sua aliança.

2 – Assim como aquela multidão de pessoas, hoje muitos têm paixão, zelo e admiração por Jesus – mas de uma forma totalmente superficial e carnal. Há na igreja uma imensa quantidade de pessoas que, assim como aqueles judeus, gritam que Jesus é o Senhor, que estendem as vestes sobre as ruas para que Jesus passe – mas assim que Ele não faz a vontade do coração dessas pessoas – elas O abandonam!

Há muita gente, até mesmo aqui, que só está interessada nos benefícios que esse Jesus pode dar – assim que essas pessoas são confrontadas com a verdade do Evangelho da Cruz, elas se frustram e tornam suas costas para Cristo!

Que você não seja um desses! Que você não seja apenas um daqueles que cantaram os hinos de ‘Hosana’, que esteve com a multidão adorando a Jesus.

Mas que você seja um dos que verdadeiramente se arrependeram dos pecados, leram e obedeceram as Palavras de Deus e verdadeiramente estenderam as roupas no caminho de Jesus para que Ele pudesse passar por cima de vocês!

3 – Que a humildade de Cristo possa ser algo profundamente desejado. O Rei dos rei e Senhor dos senhores entrou em Jerusalém, montado em jumentinho – sem carruagens de ouro e sem roupas de honra – mas de forma humilde para servir todos aqueles que Ele haveria de comprar!

Que possamos ser como aquele jumentinho – apenas um meio de levar a Cristo a cumprir todos os seus propósitos. A única coisa boa em nós é Aquele que anda sobre nós – Jesus Cristo. Que possamos usar nossas vidas para levar a Jesus onde Ele quiser – até mesmo para Jerusalém a cidade onde Ele sofreria! Humildes econsagrados jumentinhos de Cristo, nada mais!

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