Série de Sermões em Marcos
Passagem: Marcos 16:1-8
Título: Jesus - O Aterrorizante, Espantoso e Majestoso Filho de Deus!
Pregado na manhã de domingo, do dia 23 de setembro de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros |
Versão em vídeo
Marcos
16:1-8
1 Quando terminou o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de
Tiago, compraram especiarias aromáticas para ungir o corpo de Jesus.
2 No primeiro dia da semana, bem cedo, ao nascer do sol, elas se
dirigiram ao sepulcro, 3 perguntando umas às outras: "Quem
removerá para nós a pedra da entrada do sepulcro?" 4 Mas,
quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande,
havia sido removida. 5 Entrando no sepulcro, viram um jovem vestido
de roupas brancas assentado à direita, e ficaram amedrontadas. 6
"Não tenham medo", disse ele. "Vocês estão
procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado. Ele ressuscitou!
Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto. 7 [Mas] Vão e
digam aos discípulos dele e a Pedro: ‘Ele está indo adiante de
vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão, como ele lhes disse’
". 8 Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do
sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam
amedrontadas.
Introdução:
Desde
que eu comecei a servir na área que o meu Senhor me chamou, pregando
e ensinando a Palavra, sempre fui comprometido com a leitura,
explicação e aplicação de toda
a Escritura (Ne
8:8
Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim
de que o povo entendesse o que estava sendo lido; I
Tm 4:13
Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à
exortação e ao ensino)!
Meu compromisso é com cada capítulo, cada versículo e cada palavra
do texto estudado pois, eu tenho a convicção e a certeza de que a
Palavra de Deus é inerrante, confiável e infalível! É essa
convicção que me faz pregar todas as palavras da Bíblia a cada
domingo. Mas
a triste realidade que encontramos é que muitos pregadores e
pastores hoje não creem mais na infabilidade, inerrância e
veracidade de toda a Escritura. Por isso as pregações não são
expositivas e, ao invés da Palavra de Deus, muitos pregadores falam
sobre livros, filmes e outros assuntos seculares.
É interessante que
desde o começo da humanidade o ataque principal de satanás está na
veracidade e confiabilidade da Palavra de Deus (Gn
3:1
–‘Foi
isso mesmo o que Deus disse?’),
e hoje continuamos vendo esse ataque.
Todo
cristão genuíno deve crer na inspiração divina, na inerrância e
na veracidade da Bíblia. Pois se não crermos em coisas ‘pequenas’,
como creremos em coisas ‘grandes’? Se a Bíblia se engana em
assuntos geográficos, históricos e biológicos, como poderemos ter
a certeza que ela fala a verdade em assuntos com relação a
salvação?
Nesse
momento gostaria de falar um pouco sobre a confiabilidade e
inerrância da Bíblia, visto que o final de Marcos (versículos
9-20) é um dos textos, de toda a Palavra de Deus, que mais traz
dúvidas sobre a sua existência no manuscrito original. A outra
passagem também questionada é João
7:53-8:11. Em toda a
Bíblia só há, basicamente, essas duas passagens que nos fazem
questionar se elas fazem realmente parte dos manuscritos originais.
Isso é espetacular!
O
que é inerrância? O
termo Inerrância Bíblica
fala da inspiração divina e da inexistência de erros, mentiras e
contradições nos textos autógrafos da Bíblia.
A
Declaração de Chicago
Sobre a Inerrância da Bíblia
[Concílio Internacional sobre Inerrância Bíblica (ICBI) de 1978]
diz:
Artigo
X - Afirmamos que,
estritamente falando, a inspiração diz respeito somente ao
texto autográfico das Escrituras,
o qual, pela providência de Deus, pode-se determinar com grande
exatidão a partir de manuscritos disponíveis. Afirmamos ainda mais
que as cópias e traduções das Escrituras são a Palavra de Deus na
medida em que fielmente representam o original.
Negamos que qualquer
aspecto essencial da fé cristã seja afetado pela falta dos
autógrafos. Negamos ainda mais, que essa falta torne inválida ou
irrelevante a afirmação da inerrância da Bíblia.
Artigo XI - Afirmamos que
as Escrituras, tendo sido dadas por inspiração divina, são
infalíveis, de modo que, longe de nos desorientar, são verdadeiras
e confiáveis em todas as questões de que tratam. Negamos que seja
possível a Bíblia ser, ao mesmo tempo infalível e errônea em suas
afirmações. Infalibilidade e inerrância podem ser distinguidas,
mas não separadas. Artigo
XV - Afirmamos que a
doutrina da inerrância está alicerçada no ensino da Bíblia acerca
da inspiração. Negamos que o ensino de Jesus acerca das Escrituras
possa ser desconhecido sob o argumento de adaptação ou de qualquer
limitação natural decorrente de Sua humanidade. Artigo
XVI - Afirmamos que a
doutrina da inerrância tem sido parte integrante da fé da Igreja ao
longo de sua história. Negamos que a inerrância seja uma doutrina
inventada pelo protestantismo escolástico ou que seja uma posição
defendida como reação contra a alta crítica negativa.
O
que significa infalível?
Infalível significa a
qualidade de não desorientar nem ser desorientado e, dessa forma,
salvaguarda em termos categóricos a verdade de que as Santas
Escrituras são uma regra e um guia certos, seguros e confiáveis em
todas as questões.
Semelhantemente, inerrante
significa a qualidade de estar livre de toda falsidade ou engano
e, dessa forma, salvaguarda a verdade de que as Santas Escrituras são
totalmente verídicas e fidedignas em todas as suas afirmações.
Transmissão
e Tradução
Os
livros primitivos eram manuscritos (escritos à mão), até à
invenção da Máquina Impressora por Gutemberg no século XV. Até
esta invenção, o processo de produção de livros era extremamente
trabalhoso e pequenos erros nas cópias podiam ocorrer. Uma vez que
em nenhum lugar Deus prometeu uma transmissão inerrante da
Escritura, é necessário afirmar que somente o texto autográfico
dos documentos originais foi inspirado e mantém a necessidade da
crítica textual
como meio de detectar quaisquer desvios que possam ter se infiltrado
no texto durante o processo de sua transmissão. O veredicto dessa
ciência é, entretanto, que os textos hebraico e grego parecem estar
surpreendentemente bem preservados, de modo que tempos amplo apoio
para afirmar, junto com a Confissão de Westminster, uma providência
especial de Deus nessa questão e em declarar que de modo algum a
autoridade das Escrituras corre perigo devido ao fato de que as
cópias que possuímos não estão totalmente livres de erros.
Semelhantemente, tradução
alguma é perfeita, nem pode ser;
e todas as traduções são um passo adicional de distanciamento dos
autographa. Porém, o veredicto da lingüística é que pelo menos os
cristãos de língua inglesa estão muitíssimo bem servidos na
atualidade com uma infinidade de traduções excelentes e não têm
motivo para hesitar em concluir que a Palavra verdadeira de Deus está
ao seu alcance. A palavra “crítica” vem do idioma grego, e
significa: julgamento, teste, avaliação. A Crítica
Textual é
a avaliação do estado de um texto.
Crítica Textual da Bíblia é, portanto, a avaliação do estado do
texto da Bíblia, hoje; passados alguns milênios, desde sua
composição. O objetivo da Crítica Textual é reconstituir, ou
atestar a fidelidade textual aos seus autógrafos (a composição
original).
A
Crítica Textual
não pergunta se a Bíblia é, ou não é, a Palavra de Deus. Ela
somente pergunta se o texto bíblico, como o temos hoje, é o que era
quando foi originalmente composto. Ou, repetindo a pergunta já feita
anteriormente: O que lemos hoje no evangelho de João é fielmente o
que ele escreveu? A intenção, portanto, da Crítica Textual é
atestar, ou, quando for necessário, restaurar a fidelidade textual.
A pergunta que move o crítico textual é: O que o autor (realmente)
escreveu?
Quando
dizemos que temos os originais do Antigo e do Novo Testamentos,
estamos dizendo que temos milhares de cópias antigas do AT e do NT,
nas línguas em que foram originalmente escritos. Pois, de fato, não
temos o manuscrito em que, por exemplo, o apóstolo Paulo compôs a
sua carta aos Romanos. Este manuscrito não é tecnicamente chamado
de original, mas de autógrafo. Temos hoje um riquíssimo acervo
constituído dos originais do Antigo e do Novo Testamentos; não
temos, entretanto, nenhum autógrafo de qualquer livro da Bíblia.
A
Crítica Textual não deve ser considerada uma adversária da fé
Bíblica. Ao contrário é uma aliada, e, sem dúvida, uma
providência divina.
É
a Crítica Textual que comprova a fidelidade da nossa Bíblia atual!
CONFIABILIDADE
DA PALAVRA DA BÍBLIA:
A
Bíblia é o livro histórico mais fidedigno que existe. A
confiabilidade dos textos da Bíblia é algo que traz admiração até
mesmo dos incrédulos.
A
Bíblia permanece até hoje como a obra literária mais bem
preservada, com cerca de 24.000 manuscritos do Novo Testamento
(descobertos até esta data), enquanto que a segunda obra literária
antiga mais preservada, a Ilíada
de Homero, tem apenas 643 manuscritos conhecidos até hoje.
O
ANTIGO TESTAMENTO:
Existem mais de 14.000 manuscritos e fragmentos do Velho Testamento,
que foram copiados nas regiões do Oriente Médio, do Mediterrâneo e
da Europa, os quais concordam perfeitamente uns com os outros. Os
Pergaminhos do Mar Morto, descobertos em Israel nos anos 1940 e 1950,
proveem também uma fenomenal evidência à confiabilidade da antiga
transmissão das Escrituras judaicas (VT), antes do nascimento de
Jesus Cristo.
A
CONFIABILIDADE DO NOVO TESTAMENTO:
A evidência do manuscrito para a composição do Novo Testamento é
enorme, com um grande número de cópias e fragmentos conhecidos, os
quais chegam a mais de
5.300 do original grego,
dos quais, cerca de 800
foram copiados nos séculos II e III, às vezes com um lapso de tempo
decorrido entre os autógrafos originais e as primeiras cópias de
apenas 60 anos. Esta
evidência dos manuscritos sobrepuja em muito a confiabilidade de
outros escritos seculares antigos, os quais são considerados
autênticos em nossos dias. Vejamos alguns deles:
- O livro de Júlio César chamado de "As guerras Gálicas" (10 manuscritos permanecem, com a cópia mais antiga sendo de cerca de 1.000 anos depois da obra original).
- “História”, escrita por Plínio, o Jovem (7 manuscritos; 750 anos decorridos após o manuscrito original).
- “História de Tucídides" (8 manuscritos; 1.300 anos decorridos).
- “História” de Heródoto (8 manuscritos; 1.350 anos decorridos).
- Platão (7 manuscritos; 1.300 anos decorridos).
- Anais de Tácito (20 manuscritos; 1000 anos o texto mais novo).
- Aristóteles, com 49 manuscritos, datando de 1.400 anos.
A
Ilíada de Homero, o mais famoso livro da Grécia antiga, tem 643
cópias de manuscritos
como apoio. Nessas cópias, existem
764 linhas disputáveis,
enquanto em todos os manuscritos do Novo Testamento, existem apenas
40 linhas (Norman
Geisler & William E. Nix, “A General Introduction of the
Bible”, Moody, Chicago, pg 367).
A
disciplina acadêmica de "crítica textual" nos assegura
que as traduções da Bíblia que temos hoje são essencialmente as
mesmas que os manuscritos antigos da Bíblia, com exceção de
algumas discrepâncias inconsequentes que foram introduzidas ao longo
do tempo através de erro dos copistas. Em primeiro lugar, devemos
lembrar que a Bíblia foi copiada à mão por centenas de anos antes
da invenção da imprensa. No entanto, o
texto é extremamente bem preservado.
Das aproximadamente 20 mil
linhas que compõem o Novo Testamento inteiro, apenas 40 linhas são
causas de dúvida. Essas 40 linhas representam um quarto de um por
cento de todo o texto e não afeta de forma alguma o ensino e a
doutrina do Novo Testamento.
Voltemos a fazer uma comparação com a Ilíada de Homero. De cerca
de 15.600 linhas que compõem o clássico de Homero, 764 linhas
causam dúvida. Estas 764 linhas representam mais de 5% de todo o
texto, e ainda assim ninguém aparenta questionar a integridade geral
dessa obra antiga.
Sendo
escrita sobre um material perecível, copiada e novamente copiada por
centenas de anos antes da invenção da imprensa, a Bíblia não teve
o seu estilo, precisão ou fundamento comprometidos. Comparando-a com
outros escritos da Antiguidade, a Bíblia apresenta mais testemunhos
manuscritos do que uma dúzia de títulos da literatura clássica em
conjunto. John W. Montgomery declara que: “Duvidar
do texto acabado do Novo Testamento é jogar no limbo toda a
Antiguidade Clássica, uma vez que não há nenhum documento daquela
época tão bem documentado quanto o Novo Testamento.”
Existe
alguma corrupção entre as cópias? Sim, existe. Existem algumas
variações entre as cópias. Estudiosos desses manuscritos têm
calculado que o texto do
novo testamento é 98,33% puro
(Hort, Geisler e Nix, conforme Josh McDowell).
Frederik
Kenyon (uma das maiores autoridades no campo da crítica textual do
Novo Testamento) também é citado por Josh mcDowell como tendo
afirmado que nenhuma
doutrina fundamental da fé cristã depende de algum texto
controvertido.
A
conclusão é que a credibilidade do Novo Testamento é maior que
qualquer outro documento da antiguidade.
O
acervo que nós temos de manuscritos antigos da Bíblia é tão
grande e tão fidedigno que podemos fazer a crítica dos textos para
saber como era o autógrafo!
A
Bíblia que nós temos hoje em português não é perfeita (por isso
temos várias versões [NVI, ACF, Jerusalém...], mas é fidedigna e
totalmente confiável! A Bíblia que você tem em suas mãos é
totalmente digna de sua confiança e segurança. Nada foi perdido!
Não existe texto ou livro perdido da Bíblia.
Essas
coisas precisam ser esclarecidas, pois Marcos 16:9-20 contem aquelas
poucas linhas que trazem dúvidas se pertenciam ao texto autógrafo
de Marcos.
PREGAR
OU NÃO PREGAR MARCOS 16:9-20?
Eu
não acredito que seja errado pregar. Conheço pastores fiéis que
pregaram esse trecho. Mas após muito estudo eu acredito que esses
versículos não fazem parte do manuscrito autográfico de Marcos.
Lembremos que isso não é questionar a canonicidade e nem a
inerrância da Bíblia!
EVIDÊNCIAS
EXTERNAS: Retirado
do livro, An Introduction
to the New Testament, por
D.A. Carson e Douglas Moo.
1
– Os dois manuscritos mais antigos que já foram encontrados do
Novo Testamento (Manuscrito Sinaítico [א]
e o Vaticanus [B]) não possuem os versículos 9-20. Outros
manuscritos antigos armênios e etíopes também não possuem esse
final.
2
– Eusébio (historiador da Igreja, 265-339) e Jerônimo (tradutor
da Bíblia para o Latim, a Vulgata, 325-378) declararam que os
manuscritos antigos mais confiáveis não tinham esse final
(vs.9-20).
3
– Há outros tipos de finais (o curto e o longo) já encontrados,
mostrando que muitos não estavam satisfeitos com o fim no versículo
8.
4
– Muitos manuscritos antigos já apontavam para o acréscimo desse
final – usaram as margens para notar observações.
EVIDÊNCIAS
INTERNAS:
1
– Os versículos 9-20 contêm várias palavras que não foram
usadas por Marcos antes (por volta de 14 palavras).
2
– Por que Marcos apresentaria Maria Madalena somente no versículo
9, após já ter mencionado ela duas outras vezes?
3
– A menção de pegar cobras e tomar veneno não é encontrada em
nenhum outro lugar do Novo Testamento.
Com
base nas evidências textuais conhecidas, parece mais plausível
admitir que o final original do evangelho de Marcos é o versículo
8.
“Assim,
com base na boa evidência externa e nas fortes considerações
internas parece que a mais antiga forma verificável do Evangelho de
Marcos terminou com 16:8. Ao mesmo tempo, no entanto, em respeito à
história do final longo e sua importância na tradição textual do
Evangelho, o Comitê decidiu incluir versos 9-20, como parte do
texto, mas os colocaram dentro de colchetes, a fim de indicar que
eles são a obra de outro autor.”
(Bruce
M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament, 2nd ed.
[New York: American Bible Society, 1994], 106, comments on the United
Bible Societies’ The Greek New Testament)
Por
esses motivos eu encerrarei a série de pregações em Marcos no
versículo 8!
Muitos
alegam que o fim de Marcos no versículo 8 é frustrante e que fica
devendo algo, mas tentarei mostrar como que o versículo 8 encerra
perfeitamente esse evangelho fantástico!
Muitos
querem um final mais belo e mais honroso, mas se esquecem de que o
foco de Marcos está em mostrar Jesus como o Servo/Escravo Sofredor
de Isaias 53, e como um escravo Jesus não precisa de relato sobre o
nascimento e nem sobre o pós-ressurreição.
Contextualização:
O
que Jesus tanto havia falado ocorreu: o Filho do Homem foi humilhado,
crucificado e morto em Jerusalém (2:20; 8:31; 9:31; 10:33-34;
12:7-8; 13:14; 14:8; 14:22-24). Mas Ele sabia que a morte não era o
fim, como havia sido profetizado por Isaias, o Servo Sofredor seria
vindicado através da ressurreição. A ressurreição é prova de
que Deus aceitou a pena e a condenação que o Filho recebeu!
Após
tanto desprezo e rejeição durante Seu ministério, a ressurreição
é a prova da aceitação do Pai.
Após
caminharmos com o nosso Salvador pela região da Galiléia
(principalmente Cafarnaum), descer para Jerusalém, caminhar dentro
do Templo, ser levado para o Petrório, depois pelas ruas de
Jerusalém com a cruz até a Caveira (fora de Jerusalém), hoje nós
entramos no sepulcro de Jesus e contemplamos a vitória de Cristo
sobre a morte!
Divisão
do Estudo:
I
– O AMOR RADICAL (V.1-3)
II
– A MUDANÇA RADICAL (V.1-2)
III
– A VITÓRIA RADICAL (V.4-6)
IV
– O FIM RADICAL (V.7-8)
I
– O AMOR RADICAL (V.1-3)
1
Quando terminou o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de
Tiago, compraram especiarias aromáticas para ungir o corpo de Jesus.
2 No primeiro dia da semana, bem cedo, ao nascer do sol, elas se
dirigiram ao sepulcro, 3 perguntando umas às outras: "Quem
removerá para nós a pedra da entrada do sepulcro?"
Os
versículos 1-3 relatam o amor dessas mulheres para com Jesus. Quando
os homens fugiram de medo elas continuaram.
Esse
é o tipo de mulher que é raríssimo de se encontrar, pois elas
seguiam e serviam a Jesus Cristo (15:41). Elas não seguiram os
maridos e nem os filhos, mas somente o Senhor Jesus!
v.1
– Assim que terminou o sábado (sábado por volta das 18h) elas
foram comprar mais especiarias para colocar no corpo de Jesus. Mesmo
tendo Nicodemus e José de Arimatéia usado mais de 34 kg de aloés e
perfumes elas sabiam da necessidade de cada uma delas, pessoalmente,
honrar a Jesus!
O
coração dessas mulheres ardia de vontade de honrar a Jesus!
v.2
– Antes do sol nascer no domingo elas se levantaram e caminharam
para o sepulcro.
O
desejo e a vontade de estar com Jesus são tão grandes que elas
pulam da cama antes do sol nascer no domingo e começam a jornada até
o cemitério de Jesus.
Elas
tinham todas as desculpas do mundo para ficarem em casa e na cama até
mais tarde [Jesus está morto, os maridos e filhos fugiram, a pedra
foi colocada], mas o coração dessas mulheres queima de paixão pelo
Senhor de tal forma que não existe desculpa, cansaço e nem
frustração suficientes para prendê-las em casa!
**
Que lição para todos aqui do que é servir ao Senhor no domingo
cedinho! Elas não foram se arrastando, mas sim ansiando servir a
Jesus! Alguns acordam 15 minutos antes do culto e vão para a igreja
como uma obrigação, tal atitude revela que o coração está frio e
perdeu o entendimento de quanto foi perdoado pelo Senhor!
“bem
cedo, ao nascer do sol”
--- Acordar bem cedo para ter comunhão com o Senhor não é algo
místico, mas revela qual é a prioridade do coração! Elas não
foram ao fim do dia, após realizarem todas as tarefas, mas cedinho,
pois sabiam quão precioso é estar com Jesus, oferecendo as
primeiras horas do dia!
**
Como você se levanta no domingo de manhã? Quanto você anseia
servir e honrar a Jesus no Dia do Senhor? Como você se prepara no
sábado à noite para o Domingo (o Dia do Senhor)?
Você
vem arrastado(a) pela sua esposa/marido/pais? Ou você é o primeiro
a pular da cama para estar com o Senhor?
V.3
– A fé radical! O
amor radical por Jesus é sempre alicerçado em uma fé radical!
“PERGUNTADO
UMAS ÀS OUTRAS: QUEM REMOVERÁ A PEDRA?”
--- o verbo no imperfeito implica que elas se perguntaram várias
vezes (‘ficaram se perguntando’). Essas pedras eram grandes e
pesadas, requerendo alguns homens fortes para removê-la. A
preocupação era natural, aquelas mulheres eram incapazes de mover a
pedra. Não há problema em se perguntar e questionar as
dificuldades, o problema é quando as dificuldades te acorrentam e te
prendem! O problema está quando as questões são levantas e elas
não entregues ao Senhor, mas são ruminadas de tal forma que elas
contaminam a fé da pessoa!
Essas
mulheres se perguntaram e conversaram sobre as dificuldades que
viriam, mas elas não entraram em depressão.
No
meio da impossibilidade elas não riram e zombaram das que criam que
Deus faria o impossível, elas não ficaram fofocando por trás das
que criam no milagre de Deus, elas, todas juntas, se edificaram e em
meio às dificuldades fizeram o possível delas!
Que
amor radical! Com falhas e quedas (principalmente a falta de fé nas
palavras sobre a ressurreição), mas radicalmente mostrado e aceito
por Deus!
“Por
qual motivo vemos tão pouco desse fortíssimo amor a Jesus, entre os
crentes hoje? Por que tão raramente nos deparamos com santos que
enfrentarão qualquer perigo, que passarão pelo fogo e pela água,
por amor a Cristo? Só há uma resposta. É por causa da debilidade
da fé do baixo senso de obrigação para Cristo, que prevalece tão
largamente entre nós. Um baixo e fraco senso de pecado sempre
produzirá um baixo e frágil senso de valor da salvação. Um
irrelevante senso de nossa dívida para com Deus sempre será
acompanhado por um senso superficial quanto ao que devemos por nossa
redenção. A pessoa que sente o quanto lhe foi perdoado é a que
muito ama. ‘Aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama’ (Lc 7:47)”
(J.C. Ryle,
Meditações no Evangelho de Marcos, Fiel, pg 212)
II
– A MUDANÇA RADICAL (V.1-2)
1
Quando terminou o sábado... 2 No primeiro dia da semana, bem cedo,
ao nascer do sol, elas se dirigiram ao sepulcro,
É
aqui que vemos a mudança radical de dia! Antes o dia sagrado era o
sábado, mas esse dia foi mudado para o domingo!
At
20:7
No
primeiro dia da semana
reunimo-nos para partir o pão, e Paulo falou ao povo. Pretendendo
partir no dia seguinte, continuou falando até à meia-noite.
Ap1:10
No dia
do Senhor
achei-me no Espírito e ouvi por trás de mim uma voz forte, como de
trombeta,
Quão
precioso é o domingo para o cristão! Sl
118:24
Este é o dia em que o Senhor agiu; alegremo-nos e exultemos neste
dia.
O
domingo deve ser o dia mais alegre para o cristão, pois é o dia que
nós somos lembrados da salvação, redenção, libertação e
justificação! Passamos de escravos do pecado para escravos de
Cristo no domingo que Jesus ressuscitou!
**
Como você se comporta no Dia do Senhor?
O
seu domingo é bíblico ou mundano? O domingo na sua vida glorifica a
Deus ou é apenas auto-glorificante?
Quais
as desculpas que você dá para não estar na igreja no domingo?
A
mudança radical: o Dia do Senhor passa a ser o primeiro dia da
semana, o domingo! Foi no domingo que Jesus ressuscitou e trouxe
justificação, foi no domingo que a igreja primitiva se reunia para
adorar a Cristo e ter comunhão com o Seu corpo.
III
– A VITÓRIA RADICAL (V.4-6)
4
Mas, quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande,
havia sido removida.
Aqui
vemos a conquista radical de Jesus sobre a morte! Esses versículos
nos narram o triunfo de Cristo sobre a sepultura!
v.4
Mas, quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande,
havia sido removida.
Elas
não ficaram se lamentando com as imensas dificuldades, elas não
ficaram em depressão e sem motivação em meio às impossibilidades
– elas foram com fé!
“MAS,
QUANDO FORAM VERIFICAR”
--- Elas foram verificar! Elas sabiam que criam em um Deus
onipotente. Elas conheciam o Deus em que criam! Elas não sabiam que
a pedra havia sido removida. Elas preparam tudo e foram, pois elas
sabiam que se fosse a vontade de Deus, Ele iria trazer homens para
rolar aquela pedra.
Isso
é fé! Fé não é ficar sentado dizendo que você crê. Fé é
sempre colocada em prática através de ação (Veja Hebreus 11).
“viram
que a pedra, que era muito grande, havia sido removida”
--- O impossível, para o homem, foi feito!
Imaginemos
a mente e o coração dessas mulheres ao verem a pedra removida! Elas
ainda não entendiam sobre a crucificação.
“Aqueles
que são dirigidos por um zelo santo, na busca diligente por Cristo,
verão que as dificuldades que são colocadas em seus caminhos
desaparecem estranhamente e muitas vezes os ajudam muito além do que
podia se imaginar.”
(Matthew Henry,
Comentário em Marcos)
COMO
A PEDRA FOI REMOVIDA?
Mt 28:1-2
Depois do sábado, tendo começado o primeiro dia da semana, Maria
Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2 E eis que sobreveio
um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu e,
chegando ao sepulcro, rolou a pedra da entrada e assentou-se sobre
ela.
Naquela
noite Deus havia feito a terra tremer! Deus enviou anjos e tremeu a
terra! Esses anjos rolaram a pedra! Aqueles anjos removeram a pedra!
Terremotos
simbolizavam muitas vezes o julgamento do Senhor! Ez
38:18-19
É isto que acontecerá naquele dia: Quando Gogue atacar Israel, será
despertado o meu furor, palavra do Soberano Senhor. 19 Em meu zelo e
em meu grande furor declaro que naquela época haverá um grande
terremoto em Israel.
Portanto,
esse terremoto é uma declaração de julgamento sobre os homens que
condenaram Jesus! É como se o martelo divino tivesse batido na mesa
do tribunal e os anjos abriram o sepulcro proclamando a justiça e
vindicação de Jesus! Jesus não arrombou de forma ilegal, os
agentes celestiais abriram as ‘celas’!
16:4
Mas, quando foram verificar, viram que a
pedra,
que era muito grande, havia
sido removida.
Quão
profunda essa declaração! A pedra havia sido removida.
A
pedra não foi removida apenas para que Jesus saísse do sepulcro,
mas que nós pudéssemos entrar! A pedra foi rolada para que cada um
de nós possa entrar e contemplar aquela sepultura vazia!
Que
todos entrem e se admirem na verdade de que Cristo venceu a morte!
Para o cristão a morte foi vencida!
v.5
Entrando no sepulcro, viram um
jovem
[essa era uma forma normal de descrever os anjos] vestido de roupas
brancas assentado à direita [Marcos só descreve um anjo, pois ele
foca no que fala, apesar de ter dois anjos], e ficaram
amedrontadas.
Através
dos relatos de João e Lucas nós somos informados que havia dois
anjos. Marcos só descreve um, pois ele foca naquele que conversará
com as mulheres.
“ROUPAS
BRANCAS” --- Mt
28:3-4
Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas
como a neve. 4 Os guardas tremeram de medo e ficaram como mortos.
Esses
anjos resplandecem a glória e a santidade de Deus, por isso eles são
aterrorizantes aos homens!
v.6
"Não tenham medo", disse ele. "Vocês estão
procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado. Ele
ressuscitou!
Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto.
“Vocês
estão procurando Jesus, o Nazareno, que foi crucificado”
--- O anjo identifica Jesus como ‘o Nazareno’, o mesmo termo que
era usado com desprezo pelos inimigos dEle é usado para enfatizar
que o rabino de Nazaré venceu a morte!
“ELE
RESSUSCITOU! NÃO ESTÁ AQUI”
--- Esse é o Evangelho: Jesus Cristo de Nazaré que foi crucificado
vicariamente ressuscitou e nos justificou!
Em
1:24
os demônios perguntaram, “O
que queres conosco, Jesus de Nazaré?”
Aqui
está a resposta: Conquistar a morte e trazer libertação!
“VEJAM
O LUGAR ONDE O HAVIAM POSTO”
--- O anjo pede para que as mulheres contemplem o lugar que elas
haviam visto o corpo sendo colocado por José de Arimatéia.
Hoje
todos aqui são convidados a entrarem no sepulcro e verem a vitória
de Jesus sobre a morte!
Hoje
você é convidado a contemplar o sepulcro vazio. Que você olhe e
veja que a morte foi conquistada, que o cristão não está mais
escravizado pelo temor da morte!
Hb
2:14-15
Portanto, visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele
também participou dessa condição humana, para que, por sua morte,
derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo, e
libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados
pelo medo da morte.
IV
– O FIM RADICAL (V.7-8)
7
[Mas] Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro: ‘Ele está indo
adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão, como ele
lhes disse’ ". 8 Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e
fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam
amedrontadas
v.7
“MAS VÃO”
--- Ao invés de ficarem amedrontadas com a presença do anjo elas
devem ir!
“E
DIGAM AOS DISCÍPULOS E A PEDRO”
--- Vejamos a graciosa e radical restauração dos discípulos!
Aqueles homens que haviam prometido fidelidade e abandonaram Jesus
são agora restaurados!
“E
A PEDRO” --- O anjo
separa Pedro. Aquele que não havia negado a si mesmo, mas sim a
Jesus é convocado, pois ele já foi perdoado!
Em
João 21 nós temos o maravilhoso relato da restauração de Pedro.
Assim como Pedro negou a Jesus três vezes, Jesus o faz proclamar o
seu arrependimento e amor três vezes, e o encarrega de pastorear e
alimentar as ovelhas de Jesus!
O
Radical Perdão!!
“Finalizemos com a firme
determinação de abrirmos amplamente a porta da misericórdia aos
pecadores, em todo o nosso falar ou ensinar sobre a religião cristã.
Não menos importante é o fato que devemos avançar com a resolução
de nunca nos mostrarmos indispostos a perdoar os nossos semelhantes.
Pois, se Cristo está sempre tão pronto a nos perdoar, devemos estar
sempre prontos a perdoar o próximo.”
(J.C. Ryle,
Meditações no Evangelho de Marcos, Fiel, pg 213)
Quão
terrível é ver cristãos que não perdoam as outras pessoas!
“Vão
e digam aos discípulos dele e a Pedro:
‘Ele está indo adiante de vocês para a Galiléia.”
--- Por que para a Galiléia?
Foi
na Galiléia que Jesus começou o Seu ministério (1:14). Foi lá que
os discípulos foram primeiramente chamados, e será lá que eles
serão novamente chamados para irem por todo o mundo. Foi lá que
Jesus havia prometido estar após a ressurreição (14:28).
Is
9:1
Contudo, não haverá mais escuridão para os que estavam aflitos. No
passado ele humilhou a terra de Zebulom e de Naftali, mas no futuro
honrará a
Galiléia dos gentios,
o caminho do mar, junto ao Jordão.
“Lá
vocês o verão, como ele lhes disse”
--- Exatamente como Jesus havia prometido em 14:28. Mostrando que as
palavras de Cristo são fieis!
v.8
Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E
não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas
“E
NÃO DISSERAM NADA A NINGUÉM”
--- Marcos não está querendo dizer que elas ficaram caladas para
sempre, ele simplesmente diz que elas
não saíram gritando pelo caminho e contando para quem não devia.
Elas foram contar somente aos discípulos, por isso Marcos foi capaz
de narrar o que ocorreu.
O
foco do versículo 8 está na reação das mulheres. O
texto diz que elas estavam:
Tremendo
– GK. τρόμος;
Assustadas
– Gk. ἔκστασις;
Amedrontadas
– Gk. φοβέομαι.
Mt
28:8-10
As mulheres saíram depressa do sepulcro, amedrontadas e cheias de
alegria, e foram correndo anunciá-lo aos discípulos de Jesus.
De repente, Jesus
as encontrou e disse: "Salve!" 9 Elas se aproximaram dele,
abraçaram-lhe os pés e o adoraram. 10 Então Jesus lhes disse: "Não
tenham medo. Vão dizer a meus irmãos que se dirijam para a
Galiléia; lá eles me verão".
Esse
versículo pode parecer estranho para um leitor desatento, mas para
uma audiência atenta as palavras ‘tremendo’, ‘assustadas’,
‘maravilhadas’ e amedrontadas’ relembram toda a vida e
ministério de Jesus!
1:22,
27; 2:12; 4;41; 5:15, 20; 5:33, 42; 6:50-51; 7:37; 9:6, 15, 32;
10:24, 32; 11:18; 12:17; 15:5, 44; 16:5
Marcos
nos mostra Jesus como o espantoso, maravilhoso, temeroso e
aterrorizante Servo Sofredor!
Como
não nos admirarmos com esse Jesus?
Como
não nos espantarmos com tamanha graça e misericórdia?
Como
não tremermos e não nos aterrorizarmos diante de um Senhor tão
santo e majestoso?
Como
estar diante de Jesus e não temermos e tremermos diante dEle?
Como
esperar outro fim? Como não nos amedrontarmos diante de tamanho
Deus!
CONCLUSÃO:
Que
como essas mulheres nós possamos sair daqui correndo, com temor,
tremor, espanto e maravilhados com esse Salvador. Proclamando que
Jesus morreu, ressuscitou e venceu!
Que
o temor e susto das circunstâncias momentâneas não nos prendam,
mas que a alegria de servir a Jesus nos impulse para fora do sepulcro
para proclamarmos que, “Olhe, Jesus, o Nazareno foi crucificado –
por causa dos nossos pecados, mas ressuscitou para nos justificar!”