quarta-feira, 7 de março de 2012

Marcos 14:1-11 - Unção e Traição: A Soberania de Deus na Trama da Crucificação de Jesus Pt. 1

Série de Sermões em Marcos
Título: Unção e Traição - A Soberania de Deus na Trama da Crucificação de Jesus - Parte I - Marcos 14:1-11
Pregado na manhã de Domingo, do dia 04 de Março de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros
Marcos 14:1-11  1 Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de flagrar Jesus em algum erro e matá-lo. 2 Mas diziam: "Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo". 3 Estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de um homem conhecido como Simão, o leproso, aproximou-se dele certa mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. 4 Alguns dos presentes começaram a dizer uns aos outros, indignados: "Por que este desperdício de perfume? 5 Ele poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro dado aos pobres". E a repreendiam severamente. 6 "Deixem-na em paz", disse Jesus. "Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Pois os pobres vocês sempre terão consigo, e poderão ajudá-los sempre que o desejarem. Mas a mim vocês nem sempre terão. 8 Ela fez o que pôde. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-o para o sepultamento. 9 Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória". 10 Então Judas Iscariotes, um dos Doze, dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes a fim de lhes entregar Jesus. 11 A proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro. Assim, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo.
Introdução:
Chegamos à etapa final do Evangelho de Marcos. Nos capítulos 14 a 16, Marcos começa a descrever o processo da crucificação e ressurreição de Jesus.
Dos 661 versículos que temos em Marcos, 242 (37%) tratam da última semana de Jesus [da entrada em Jerusalém até a ascensão] e 128 relatam o processo da Paixão de Cristo até a Sua ascensão. 53% dos eventos narrados por Marcos na última semana de Jesus tratam dos sofrimentos e da ressurreição de Jesus. Esse é um dos motivos desse evangelho ser chamado de “O Evangelho da Cruz” (J.D. Kingsbury).
Por que Marcos foca tanto na cruz? Pois “Marcos tem uma visão salvífica da cruz” (Peter Bolt, Feeling the Cross: Mark´s Message of Atonement, The Reformed Tehological Review, pg 2). Para Marcos, é na cruz que a humanidade encontra o perdão para os pecados, a salvação e a entrada para o reino de Deus!
O livro todo anuncia e prepara o leitor para esse tão esperado momento: a morte de Jesus (2:20; 3:6;8:31;9:11-13,31;10:33-34; 13). Durante o intenso conflito dentro do templo no terceiro dia, Jesus conta a parábola dos lavradores (12:1-12).
Mas a cruz não é só o tão esperado momento no Evangelho de Marcos, ela é o tão esperado momento para todo o Antigo Testamento! Toda a história da humanidade aguardava esse momento. O tão esperado Cordeiro pascal está prestes a ser morto. Todos os grandes eventos e sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para esse momento. Hoje nós temos o privilégio de entrarmos na história e caminhar com o Servo Sofredor até o momento em que Ele se torna o Cordeiro pascal que tem o seu sangue derramado, promovendo verdadeira salvação e um êxodo eterno. Mas não acaba na morte, andaremos até o momento em que Servo se torna o Filho do Homem, ascende à direita de Deus e recebe todo poder!
CONTEXTO:
Os capítulos 11 e 12 nos mostram o contexto da entrada de Jesus em Jerusalém e o ódio dos líderes religiosos de Israel para com Ele. O capítulo 13 é o grande discurso precursor para os eventos que começam a se desvendar aqui. Para o que o capítulo 13 antecipou e prometeu, os capítulos 14-16 trazem desdobramento e cumprimento.
Todo o confronto entre Jesus e os líderes religiosos - que começou logo no início do Seu ministério (3:6) e se intensificou de forma incontrolada no templo - chega ao seu ápice nessas cenas finais de Marcos.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O CAPÍTULO 14:
* “Nesse capítulo, todo parágrafo tem uma preparação para a morte de Jesus” (Peter Bolt, The Cross From a Distance, IVP, pg 103).
* Marcos 14:1-11 é estruturado de uma forma temática e não cronológica - com o propósito de mostrar como Jesus sempre causa uma entre duas reações: amor ou ódio!
O evento narrado nos vs. 3-9 ocorreu no sábado, quando Jesus chegou à Betânia para celebrar a Páscoa (João 12). Mas Marcos o coloca mais tarde, pois ele quer mostrar o contraste entre a hostilidade e ódio dos líderes religiosos e de Judas e o carinho, amor e fidelidade de Simão e Maria. Portanto, Marcos 14:3-9 é o mesmo evento de João 12:1-8.
Nós entraremos nessa história fantástica observando todos os detalhes e vendo a mão soberana de Deus na trama da crucificação de Jesus e na salvação do homem!
Conheceremos todos os personagens e seus importantes papéis nessas últimas cenas!

Divisão do Estudo:
i – a conspiração (vS.1-2)
II – a adoração (vs.3-9)
I – a conspiração (VS.1-2)
1 Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de flagrar Jesus em algum erro e matá-lo. 2 Mas diziam: "Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo".
Faltavam apenas dois dias para a Páscoa e para a festa dos pães sem fermento” –
A Páscoa era a maior de todas as festas celebradas pela nação de Israel [as outras duas eram: Tabernáculos e Pentecoste].  A Páscoa celebrava a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. Era uma festa que celebrava a redenção!
A Festa dos Pães Asmos era praticamente a mesma que a Páscoa. Enquanto a Páscoa era celebrada no dia 14 do mês Nisã (Abibe) e praticamente cobria os dias 14 e 15, a Festa dos Pães Asmos começava no dia 15 e era celebrada por 7 dias (Nm 28:15-16). As duas festas eram vistas como uma única grande festa de 8 dias.
Marcos está enfatizando que a Páscoa está bem próxima. Provavelmente esse é o dia 13 de Nisã [quarta-feira].
PERSONAGEM 1:
Aqui encontramos os primeiros personagens das últimas cenas.
OS CHEFES DOS SACERDOTES E OS MESTRES DA LEI” --- ver 11:18 --- Marcos está se referindo ao Sinédrio – a corte suprema de Israel.
Mateus 26:3-4 [3 Naquela ocasião os chefes dos sacerdotes e os líderes religioso do povo se reuniram no palácio do sumo sacerdote, cujo nome era Caifás, 4 e juntos planejaram prender Jesus à traição e matá-lo] nos relata que a liderança de Israel estava toda concentrada no palácio do sumo sacerdote Caifás.
 A CONSPIRAÇÃO DOS INIMIGOS:
estavam procurando um meio de flagrar Jesus em algum erro e matá-lo” - κα ζήτουν ο ρχιερες κα ο γραμματες πς ατν ν δόλ κρατήσαντες ποκτείνωσιν  
e os principais dos sacerdotes e os escribas buscavam como o prenderiam com dolo, e o matariam” (ACF)
ζητέω -- Buscar e investigar algo com intensidade
δόλ -- referia a uma isca que enganava o peixe e o pegava. Hoje tem o sentido de um ‘ato criminoso cometido conscientemente e deliberadamente. Astúcia ou artifício empregado para enganar e prejudicar alguém’.
Eles estão obcecados na busca para pegar Jesus e eles irão usar o que for necessário! O ódio deles para com Jesus só tem aumentado. Após todo o fracasso no templo [12:13] em apanhar Jesus, eles continuam planejando um meio para matar o Filho de Deus.
É essa obsessão em matar Jesus de qualquer forma que indica como Judas conseguiu a sua parte.
A CONSPIRAÇÃO DE DEUS:
v.2 – “Mas diziam: ‘Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo’”
Milhares de pessoas iam até Jerusalém para celebrar a Páscoa. Jerusalém tinha uma população de aproximadamente 30 mil pessoas, mas durante a Páscoa chegava a mais de 500 mil.
A fama de Jesus havia se propagado por todo o território da Palestina. O medo desses homens é de que o povo se rebelasse e assim o plano não desse certo. Principalmente porque já havia tido outros tumultos históricos durante a Páscoa [ver Josefus – a mais famosa sendo uma que ocorreu em 4 a.C. quando 3 mil foram mortos]. O medo dos líderes de Israel é que se eles tentarem matar Jesus durante a Páscoa, a tentativa não dará certo.
Aqui encontramos o majestoso Diretor  de toda a trama: Deus Pai!
Os homens não queriam que Jesus fosse morto durante a Páscoa, mas Deus quis! Deus quis, pois desde a eternidade já se havia estabelecido que Jesus seria o cordeiro pascal. Ap 13:8 Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a criação do mundo.
Enquanto os personagens são revelados e os seus papéis são importantíssimos no decorrer da história – Deus é o grande diretor que vai colocando tudo em ordem, preparando e movendo o coração de cada personagem.
Desde o comecinho da vida de Jesus muitos tentaram tirar a Sua vida: Herodes, quando Jesus era bebezinho (Mt 2:13-15); Em Nazaré (Lc 4:28-30); João 5:18;7:30; Marcos 12:13; Lc 19:47-48.
Mas diziam: ‘Não durante a festa!’”
Pv 19:21 Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor.
Sl 2:1-6 1 Por que se amotinam as nações e os povos tramam em vão? 2Os reis da terra tomam posição e os governantes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu ungido, e dizem: 3"Façamos em pedaços as suas correntes, lancemos de nós as suas algemas!"4Do seu trono nos céus o Senhor põe-se a rir e caçoa deles. 5Em sua ira os repreende e em seu furor os aterroriza, dizendo: 6"Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte".
A morte de Jesus não foi um acidente trágico na história da humanidade, não foi o fim desastroso de um líder que falhou, mas foi totalmente planejada e executada pela soberania de Deus!
At 2:23 Este homem lhes foi entregue por propósito determinado e pré-conhecimento de Deus; e vocês, com a ajuda de homens perversos, o mataram, pregando-o na cruz.
At 4:27-28 De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com os povos de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste. 28 Fizeram o que o teu poder e a tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse.
Nenhum homem conseguiria realizar tudo o que ocorreu com Jesus com a precisão exata que ocorreu.
A precisão do tempo, a perfeição de cada momento culminando com Jesus sendo morto no dia da Páscoa – na hora em que os cordeiros eram mortos – e depois ressuscitando perfeitamente ao terceiro dia só podia ser obra de Deus – o Majestoso Diretor!
A soberania de Deus sobre a vontade do homem é motivo de adoração. É a soberania de Deus sobre a vontade do homem que faz do nosso Deus o Deus Todo Poderoso, o grande Criador.
Os homens não queriam, mas o Senhor queria – e isso basta!
Dn 4:35 – declaração de Nabucodonosor - Todos os povos da terra são como nada diante dele. Ele age como lhe agrada com os exércitos dos céus e com os habitantes da terra. Ninguém é capaz de resistir à sua mão nem de dizer-lhe: "O que fizeste?"
Is 14:24-27 – profecia contra Assíria, nação mais poderosa da época - O Senhor dos Exércitos jurou: "Certamente, como planejei, assim acontecerá, e, como pensei, assim será. 25Esmagarei a Assíria na minha terra; nos meus montes a pisotearei. O seu jugo será tirado do meu povo, e o seu fardo dos ombros deles". 26Esse é o plano estabelecido para toda a terra; essa é a mão estendida sobre todas as nações. 27Pois esse é o propósito do Senhor dos Exércitos; quem pode impedi-lo? Sua mão está estendida; quem pode fazê-la recuar?
II Cr 20:6 – oração de Josafá – E disse: Ah! SENHOR Deus de nossos pais, porventura não és tu Deus nos céus? Não és tu que dominas sobre todos os reinos das nações? Na tua mão há força e potência, e não há quem te possa resistir.
II – A ADORAÇÃO (VS.3-9)
3 Estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de um homem conhecido como Simão, o leproso, aproximou-se dele certa mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus. 4 Alguns dos presentes começaram a dizer uns aos outros, indignados: "Por que este desperdício de perfume? 5 Ele poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro dado aos pobres". E a repreendiam severamente. 6 "Deixem-na em paz", disse Jesus. "Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Pois os pobres vocês sempre terão consigo, e poderão ajudá-los sempre que o desejarem. Mas a mim vocês nem sempre terão. 8 Ela fez o que pôde. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-o para o sepultamento. 9 Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória"
Como vimos na introdução, esse evento ocorreu no sábado. Porém, Marcos o coloca aqui para enfatizar o contraste das reações para com Jesus. Jesus causa apenas dois tipos de reações: a aproximação a Ele em adoração ou o ódio e rejeição a Ele.
Ninguém é tão radical e tão polarizador como Jesus! Não existe neutralidade para com Jesus. Quanto mais a Sua luz brilha mais as pessoas O odeiam, pois Ele mostra o nosso pecado, ou mais as pessoas se aproximam em arrependimento e carência da graça dEle.
v.3 – “ESTANDO JESUS EM BETÂNIA” --- Betânia foi a sede de Jesus durante a Sua última semana (11:11). Era bem perto de Jerusalém (aprox. 4 km). Jesus passou bastante tempo em Betânia, pois esta era a cidade de 3 grandes amigos: Lázaro, Marta e Maria.
RECLINANDO À MESA NA CASA DE UM HOMEM CONHECIDO COMO SIMÃO, O LEPROSO
PERSONAGEM 2 – SIMÃO
Não sabemos com exatidão quem é esse Simão. Ao defini-lo como ‘o leproso’ nós somos levados a imaginar que esse homem era um leproso. Ele era um leproso, não é mais, pois está tendo uma vida social – coisa que os leprosos não tinham.
Esse Simão é um discípulo de Jesus, ele abriu a sua casa para hospedar Jesus. Será que não foi Jesus quem o curou da lepra?!
[Obs. Alguns comentaristas acreditam que Simão era o pai de Lázaro, Marta e Maria]
RECLINANDO À MESA --- esse era o costume quando comiam juntos. A refeição era um longo processo de comunhão e às vezes as pessoas se reclinavam, outras vezes se sentavam.

Grande parte do impacto trazido por Jesus nas pessoas ocorria durante as refeições. A santidade de Jesus era transmitida durante uma boa refeição. Não é a toa que Ele é lembrado durante a ceia. [ver Craig Blomberg, Contagious Holiness -Jesus´meal with sinners, IVP]
Temos um importante contraste: enquanto os líderes religiosos se encontravam no palácio do tão ‘importante’ sumo-sacerdote Caifás para planejar a morte de Jesus. Simão, um ex-leproso abriu sua casa para honrar e adorar Jesus.
O personagem Simão nos mostra a gratidão dele para com Jesus, enquanto Caifás abriu seu palácio para reunir e planejar a morte de Jesus, Simão abriu sua casa para servir a Jesus.
PERSONAGEM 3 – UMA CERTA MULHER
3 Estando Jesus em Betânia, reclinado à mesa na casa de um homem conhecido como Simão, o leproso, aproximou-se dele certa mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.
Aqui encontramos uma das personagens principais dessa história: Maria! Marcos apenas nos diz ‘uma certa mulher’, mas João nos diz quem ela é: Jo 12:1-3 1 Seis dias antes da Páscoa Jesus chegou a Betânia, onde vivia Lázaro, a quem ressuscitara dos mortos. 2 Ali prepararam um jantar para Jesus. Marta servia, enquanto Lázaro estava à mesa com ele. 3 Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro, derramou-o sobre os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos. E a casa encheu-se com a fragrância do perfume.
Ela não é uma ex-prostitua, ela é uma querida discípula de Jesus! [Lucas 7:36-50 nos conta uma outra história].
Essa é a Maria irmã de Lázaro e Marta. Ela era uma verdadeira discípula de Jesus, ela amava ouvir os ensinos do Senhor (ver Lc 10:38-42).
APROXIMOU-SE DELE” --- Enquanto uns querem se aproximar de Jesus para matá-Lo, Maria se aproxima dEle para adorá-Lo de forma extravagante!
com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro”  ---
O frasco era feito de uma pedra branca de uma cidade do Egito (Alabastron), tinha por volta de 20 cm com um pescoço comprido.
Esse perfume era feito, provavelmente, na Índia – devido ao nardo ser uma planta daquela região.
Esse perfume era puro [πιστικός – genuíno]! Não havia sido diluído e nem pervertido.
O historiador romano Plínio comenta em outros textos históricos sobre esse perfume.
 Esses detalhes sobre o perfume exaltam o quão precioso era aquele objeto.
Os três relatos falam que esse perfume era caro.
Mt 26:7 Aproximou-se dele uma mulher com um vaso de alabastro, com ungüento de grande valor; Jo 12:3  Então Maria pegou um frasco de nardo puro, que era um perfume caro

O PREÇO:
O v.5 nos fala quanto custava aproximadamente esse perfume: “Ele poderia ser vendido por trezentos denários, e o dinheiro dado aos pobres”.
300 denários: 1 denário = 1 dia de trabalho. 300 denários = 300 dias de trabalho = 1 ano de trabalho duro.
Hoje: salário mínimo R$ 622 = anualmente R$ 7.464. Um salário de R$ 2 mil = R$24 mil em um ano. Uma pessoa que ganha R$ 5 mil = R$60 mil em um ano.
Com isso em mente partimos para restante do relato:
V.3 Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.
Contexto Histórico:
Era normal naquela cultura passar óleos e perfumes nos visitantes. “Em um banquete judaico, uma pequena quantidade de óleo era colocada na cabeça do convidado, que permanecia na cabeça e na roupa, realçando a fragrância da festa para o convidado” (Zondervan Illustrated Bible Backgrounds Commentary on Matthew, pg 161).
Sl 23:5 Preparas um banquete para mim à vista dos meus inimigos. Tu me honras, ungindo a minha cabeça com óleo e fazendo transbordar o meu cálice.
Lc 7:46 – em uma outra situação - Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés. Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés.
Mas como veremos, a ação de Maria foi muito mais do que uma mera ação de costume daquela sociedade. Foi muito além de um mero pingar umas poucas gotinhas de óleo na cabeça do convidado. Maria foi extravagante e muito além do que uma mera unção de um convidado – ela viu Jesus como um rei que estava prestes a morrer!
ELA QUEBROU O FRASCO” --- Geralmente esses perfumes eram usados apenas em pequena quantidade, pois eles eram puros (algumas gotinhas já eram suficientes) e extremamente caros. O frasco era feito de forma que não houvesse desperdício [pescoço comprido frasco].
Ao quebrar o frasco Maria:
-- mostra que ela não usará apenas algumas gotinhas e depois guardará o restante, pois não terá como guardar.
-- mostra o quanto o coração dela queria abençoar a Jesus. Gotinhas não iriam satisfazer!
É como se ela estivesse dizendo que as gotinhas eram ridículas perto do quanto Jesus era digno. Ela quebra o frasco para mostrar o quanto Jesus merecia o que de mais precioso ela tinha.
 “Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus
João 12:3 diz, “Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus”. Um arrátel = 1 litra / libra (latim) = 340 gramas = um pouco menos de 500 ml [340 ml].
Maria derrama todo aquele maravilhoso perfume sobre a cabeça de Jesus. Porém, ela unge não só a cabeça, mas também os pés de Jesus: João 12:3 Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento.
UNGIR A CABEÇA = ao ungir a cabeça de Jesus, Maria proclama que Jesus é o verdadeiro Rei, que Ele é o Messias (o Ungido de Deus).
UNGIR OS PÉS = lavar os pés e passar perfume nos pés era o serviço do mais baixo escravo da sociedade. Ao ungir os pés de Jesus com o mais caro dos perfumes, Maria está proclamando ser a mais baixa de todas as escravas e que Jesus é o seu grande Senhor.

A imagem da unção da cabeça com uma enorme quantidade de perfume, descendo pelo pescoço e pelas roupas e depois ungindo a parte mais baixa do corpo – os pés, é uma imagem do corpo todo de Jesus sendo ungido [14:8].
Ela não só vê Jesus como o Cristo e o Senhor, mas também como o Servo Sofredor que está prestes a morrer e dar a Sua vida para o resgate de muitos.
V. 8 Ela fez o que pôde. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-me para o sepultamento.
Ela entende o que os Doze não conseguem entender! Ela entende quem realmente é Jesus. Maria é um grande exemplo para tantas pessoas no mundo de hoje que se dizem cristãs, mas que não compreendem verdadeiramente quem é Jesus.
Maria vê Jesus como o Rei, como o Senhor e também como o Servo Sofredor!
Veja como os sofrimentos estão vivos na mente de Jesus. Ele deixa bem claro que o que está acontecendo é uma preparação para Sua paixão! A cruz é o grande foco da história e é esse momento que interpreta essa maravilhosa demonstração de amor.
 A ADORAÇÃO É LOUVADA!
Jesus exalta essa atitude de Maria: v.6 "Deixem-na em paz", disse Jesus. "Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo; v.9 Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo, também o que ela fez será contado em sua memória
ELA PRATICOU UMA BOA AÇÃO” --- Gk. καλός --- algo tão maravilhoso que inspira. Nobre e digno.
Jesus exalta a mais humilde de todas as pessoas daquele lugar! Ele se coloca na frente dela para protegê-la dos ataques dos discípulos que a estavam criticando e a levanta acima de todos.
Pv 29:23 O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra.
Aqueles que honram ao Senhor, esses serão honrados!” (Matthew Henry).
A ação de Maria, ao invés de tentar prevenir Jesus da Sua morte, ao invés de repreender Jesus como fez Pedro, ao invés de ficar lamentando em depressão, é de honrá-Lo e de proclamar através de ações o quanto ela ansiava pela morte de Jesus. E ela é louvada pelo Senhor!
A ação de entregar tudo o que ela possui nas mãos de Deus e de se humilhar na frente de todos é honrada publicamente por Jesus.
Quem não gostaria de ser falado assim pelo Seu Senhor?
Mas a questão que fica é, “Quem está disposto a dar o que há de mais precioso e mais especial para o Senhor?”.
Quem está disposto a derramar sobre Jesus todos os seus sonhos, seguranças e confortos? Quem tem a coragem de derramar sobre Jesus a garantia de um futuro? Anos de economia e poupança?
Hoje em dia uma das coisas mais preciosas na vida de uma pessoa é o TEMPO! Ninguém está disposto a sacrificar o seu tempo para honrar e amar de forma extravagante o Senhor Jesus.
São poucas as pessoas que querem despejar sobre Jesus o seu tempo. Elas querem o tempo para elas mesmas. Ninguém quer dedicar o tempo em oração, na leitura da Palavra e servindo ao Senhor na igreja local.
EXTRAVAGANTE – algo fora do comum; estranho; sem moderação!
Foi assim que Maria demonstrou seu carinho e amor por Jesus – de forma extravagante!
Quem tem amado a Jesus de uma forma extravagante como Maria O amou?
João nos diz que Maria enxugou os pés de Jesus com seus cabelos. As mulheres eram proibidas de soltarem o cabelo na frente de um homem [isso era como um sinal de prostituição]. Mas o que Maria mostra é que o amor dela por Jesus é tanto que ela não está preocupada em quebrar regras sociais para demonstrar sua gratidão pela graça de Cristo na vida dela. Ela era tão grata por tudo o que Jesus era na vida dela que ela agiu sem moderação!
A história dessa mulher ungindo Jesus é uma forte exortação a nós para sermos lembrados que os discípulos verdadeiros são aqueles que adoram a Jesus. E um adorador não é aquele que fica guardando tudo para si, mas aquele que dá tudo o que tem para o Senhor.
Quando foi a ultima vez você adorou a Jesus de forma extravagante? Quando foi a ultima vez que você agiu de forma sem moderação para a glória de Cristo?
Hoje as pessoas querem dar o mínimo para Jesus. O mínimo de voz durante o louvor, o mínimo de força durante a semana para ler a Palavra, o mínimo de tempo, o mínimo de bens, o mínimo de contato com os irmãos. Na Palavra vemos que os que são louvados e honrados pelo nosso Senhor são aqueles dão tudo. Não é de se estranhar que as nossas vidas e nossas igrejas estejam tão medíocres. Temos amado ao Senhor de forma medíocre, quando deveríamos amá-Lo de forma extravagante! Amá-lo de forma fora do comum, um amor por Jesus que é estranho aos olhos das pessoas! [Quando amamos o Senhor de forma radical e extravagante, acabamos consequentemente amando o nosso próximo de forma radical! Como está o seu amor pelo seu próximo?]
Que as pessoas possam olhar para você e verem em você um frasco quebrado, pronto para ser totalmente "desperdiçado" e lançado sobre Jesus. Alguém que já "perdeu" toda a vida em Cristo. Que as pessoas vejam em você um discípulo tão radical como Maria – que não servia ao Senhor com gotinhas, mas com tudo!
** Retribua com ações maravilhosas e dignas de serem imitadas. Mostrando a graça tão grande que o Senhor tem despejado sobre a sua vida.
CONCLUSÃO:
1 – Quão maravilhoso é servir a um Deus totalmente soberano. Um Deus que tem tudo em Suas mãos e ninguém pode impedir Seus planos. Se Deus não tivesse toda a soberania e toda autoridade sobre todos os detalhes do nosso mundo [como é ensinado no Teísmo Aberto], Jesus jamais morreria de forma tão perfeita! E se a soberania de Deus pode ser vista tão clara na morte do Seu Filho amado, quanto mais em nossas vidas! Olhe para as coisas, para as situações e lembre se que o Senhor tem todo o controle. 
2 – Que a vida de Maria seja um exemplo para nós!
Um exemplo de comprometimento, de humilhação, de reconhecimento e, acima de tudo, um exemplo de como ser extravagante – fora do comum.
Que você possa durante a semana refletir sobre essa história e clamar pela misericórdia de Deus para que você possa seguir o exemplo de Maria.
Seria fácil para mim se cantássemos uma canção e na emoção do momento eu fizesse um apelo para que as pessoas viessem à frente para uma dedicação a Cristo como a de Maria. Mas o que eu realmente desejo e oro é que você seja radical e extravagante durante as semanas e os dias, quando as tribulações vierem.
Que o Senhor tenha misericórdia de você e conceda graça para que você veja em Jesus o grande Senhor que é digno de todo sacrifício e ações extravagantes! 


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