segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Os Últimos Dias de [Acordo com] Jesus - Parte II - Marcos 13:1-13

Serie de Sermões em Marcos
Titulo: Os Últimos Dias de [Acordo com] Jesus - Parte II - Marcos 13:1-13
Pregado na manhã de Domingo, do dia 05 de Janeiro de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros

Versão em vídeo

Introdução e Contextualização:
A morte de Jesus é o acontecimento de maior importância na história da humanidade. A crucificação de Jesus é o momento em que o Filho de Deus levou sobre si, sobre seu corpo santo, todos os pecados do Seu povo e lá naquela cruz Ele recebeu a justa ira de Deus, permitindo que o homem pecador seja justificado diante de um santo e justo Deus!
Rm 5:6-9 De fato, no devido tempo, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu pelos ímpios. 7 Dificilmente haverá alguém que morra por um justo; pelo homem bom talvez alguém tenha coragem de morrer. 8 Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores. 9 Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele!
I Co 15:3 Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras
ós, cristãos, podemos dizer que o acontecimento mais horroroso e mais terrível na história da humanidade se tornou o evento mais maravilhoso de todos. Foi na cruz – onde todos achavam que Jesus estava derrotado e vencido – que Ele cancelou nossas dívidas e fez um espetáculo dos seus inimigos (Cl 2:13-15). Foi através da Sua morte, quando Seu sangue foi derramado por muitos, que a Nova Aliança foi estabelecida.
Mas a morte de Jesus não fala só da nossa salvação, ela fala também de uma nova era na história da humanidade. A morte de Jesus aboliu todo e qualquer sistema de rituais impostos entre Deus e o homem. A morte de Jesus fala de uma nova criação. A antiga criação (antiga ordem) foi criada pelo nosso Senhor e ela tinha Adão como seu representante principal.
I Co 15:22 Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados.
Foi no Calvário onde ocorreu o grande julgamento – Rm 8:3 Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne (no seu corpo), 4 a fim de que as justas exigências da lei fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
A morte de Jesus é o ato de condenação da antiga ordem!
Por isso, pela fé, aqueles que estão em Cristo são uma nova criação. Pois eles não estão mais em Adão, mas em Cristo!
II Co 5:17 Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! 18 Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo
Gl 6:15 Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão, nem a incircuncisão tem virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura.
E como vimos no estudo passado, é sobre esse dia – o dia do julgamento da antiga ordem e estabelecimento de uma nova era - que Jesus está alertando Seus discípulos.
BREVE REVISÃO:
Marcos 13 tem basicamente TRêS escolas de interpretações:
1 – FUTURISTAS – acreditam que Jesus está falando sobre a Sua segunda volta.
2 – PRETERISTAS – acreditam que Jesus está falando sobre a destruição do templo e de Jerusalém em 70 d.C. pelos romanos.
3 – MISTURA – misturam as duas interpretações e alegam que Jesus estava falando sobre dois eventos: a destruição do templo em 70 e sobre a Sua segunda volta.
O meu argumento é que quando o texto é lido no contexto histórico e literário corretamente, fica claro que Jesus não se refere à destruição do templo em 70 e nem à Sua segunda volta, mas o foco do discurso todo é preparar os discípulos para o grande dia do Senhor – a crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus!
Vimos na primeira ministração que as passagens claras devem interpretar as mais obscuras, e as passagens claras mostram que os eventos descritos pelo nosso Senhor e Salvador estão relacionados à crucificação e ascensão de Jesus.
1 – TRIBULAÇÃO/AFLIÇÃO COMO NUNCA HOUVE OU HAVERÁ NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE (13:19)
Pessoas interpretam esse período das mais variadas formas. Alguns alegam que esse tempo está sendo o tempo de tribulação da nação de Israel, outros dizem que esses serão os dias da grande tribulação antes do arrebatamento da igreja, outros veem esse período como o tempo que antecede a vinda de Jesus. Alguns preteristas interpretam esse período como o tempo de destruição de Jerusalém pelos romanos entre 67-70 d.C.
Veja que Jesus percorre desde o tempo da criação até o fim dos tempos, indicando que essa aflição vindoura excederia qualquer sofrimento já visto ou experimentado em toda a história.
Tempo pior que o dilúvio nos dias de Noé, pior que a destruição de Sodoma e Gomorra, mais severo que a destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., pior que as guerras com Antíoco Epifânio e pior que o holocausto comandado por Hitler.
Só um acontecimento pode ter sido esse tempo de tamanha aflição: a agonia do Filho do Homem ao levar o pecado do Seu povo na cruz e ter sido abandonado pelo Pai.
Não há nada superficial e de pouca importância nos sofrimentos de Cristo na cruz. A Sua morte foi o maior sofrimento que esse mundo já viu – ou verá. Nunca algum sofrimento irá superar o que Jesus experimentou na cruz” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 103)
Poderiam os sofrimentos de Jesus no processo todo da crucificação (humilhado, traído, cuspido, espancado, despido, abandonado, destruído, crucificado como um marginal) serem comparados com qualquer outro tipo de sofrimento?
Quem ousa dizer que houve ou haverá sofrimentos e tribulações piores do que os que Cristo passou?
2 – O SACRILÉGIO TERRÍVEL NO LUGAR ONDE NÃO DEVE ESTAR (13:14)
Jesus afirma que eles veriam isso.
A frase tem o sentido de algo que é “um sacrilégio, uma abominação para Deus, e que é destrutivo” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 100)
Se essa linguagem apocalíptica está preparando os discípulos para morte vindoura de Jesus, isso implica que a crucificação será o ato destrutivo do sacrilégio. Isso se encaixa com o resto da história de Marcos, pois poderia haver um maior ato de sacrilégio do que a destruição do Filho de Deus de forma tão horrorosa? A liderança de Israel receberá o tão esperado Messias entregando-O para os gentios, isto é, entregando-O à ira de Deus. E se isso não fosse sacrilégio suficiente, Pilatos, o representante dos gentios, receberá o Messias de Israel, e irá condená-Lo a morte através da crucificação... Se a destruição do templo de Deus por Nabucodonosor em 587 a.C., ou a profanação do templo por Antíoco Epifânio em 169 a.C., foi uma abominação cometida pelos gentios, quanto mais é o ‘templo do seu corpo’ profanado quando os gentios destroem o Filho de Deus na cruz ” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 101)
Se Jesus é a pedra angular do novo templo de Deus, então crucificá-Lo é verdadeiramente o ato supremo de profanação no templo. Por isso, o rasgar do véu na morte de Jesus é o sinal profético de que o templo está efetivamente ‘morto’’” (Beale and Carson, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 224)
A abominação do assolamento é Jesus Cristo crucificado! Por isso, Jesus disse que eles veriam tamanho sacrilégio! Não se trata de um futuro anticristo entrando em um templo em Jerusalém e nem de Tito destruindo o templo em 70, mas do Filho de Deus sendo entregue à ira de Deus!
3 – A VINDA DO FILHO DO HOMEM (13:24-26)
A vinda do Filho do Homem é o evento que possui a chave para a interpretação desse discurso e, portanto, de todo o capítulo 13 de Marcos.” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 94)
A ‘vinda do Filho do Homem’ é uma citação de Daniel 7:12-14 - 12E foi tirada a autoridade dos outros animais, mas eles tiveram permissão para viver por um período de tempo.13 "Na minha visão à noite, vi alguém semelhante a um filho de um homem, vindo com as nuvens dos céus. Ele se aproximou do ancião e foi conduzido à sua presença. 14 A ele foram dados autoridade, glória e reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.
“As interpretações sobre a segunda vinda e a destruição do templo não são ‘opções’, mas sim leituras erradas! O problema é que, quando as leituras ruins (as más interpretações) têm estado ao nosso redor por um longo período de tempo, elas acabam definindo a forma como todos leem, e assim não há mais um solo nivelado e nem água calma. Por exemplo, as pessoas por muito tempo têm lido "a vinda do Filho do Homem" como se Jesus estivesse vindo do céu para a terra (ou seja, a segunda vinda). Parece impossível para eles entenderem que isso implica numa leitura completamente errada de Daniel 7:13-14. Na verdade, essa interpretação nos ensina que a má aplicação do texto de Daniel 7 foi feita pelo próprio Jesus! De acordo com Daniel, o Filho do Homem vem ao Ancião dos Dias para receber o reino. De forma bem simples, eles mudam a direção da viagem do Filho do Homem. Daniel fala da vinda do Filho do Homem da terra para o céu, e a má leitura e interpretação desse texto invertem o caminho – para eles o Filho do Homem vem do céu para a terra.” (http://solapanel.org/article/the_coming_of_the_son_of_man_a_response_to_sandys_first_post/)
4 – A PROMESSA QUE AQUELA GERAÇÃO IRIA VER (13:30)
Outra chave importante para interpretar corretamente essa passagem é a promessa de Jesus de que os discípulos veriam isso tudo.
Muitos tentam interpretar a palavra ‘geração’ como ‘raça’, e assim Jesus estaria dizendo que a raça dos judeus não terminaria até que todas essas coisas ocorressem.
O grande problema é que a palavra ‘geração’ (Gk. γενε) não se refere a raça no Novo Testamento.
Aqueles que nascem no mesmo tempo constituem uma geração (genea)” (The NIV Theological Dictionary of New Testament Words, Zondervan, pg 243)
A conclusão é que os eventos profetizados ocorreram durante a vida da geração que estava vivendo.” (David Chilton, Paradise Restored, Dominion Press, pg 86)
Eles viram a crucificação e a ascensão do Filho do Homem! A promessa de Jesus foi cumprida!
At 1:9-11 Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles.
Outros problemas com as interpretações futuristas e preteristas:
1 – Os discípulos não entendiam a morte nem a ressurreição do Messias, quanto mais um tópico sobre a segunda volta; 2 – Preteristas colocam mais ênfase histórica e teológica na destruição do templo físico de Israel do que na morte e ressurreição de Jesus.
Quando estudamos esse texto em seu contexto, vemos que a interpretação mais correta é de que Jesus estava falando de sua morte, ressurreição, ascensão e de toda a tribulação que envolveria esses acontecimentos.
Marcos 13 é uma preparação apocalíptica para a paixão, e assim esse capítulo é muito importante na nossa busca do significado da cruz na história de Marcos.” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 90)
CONTEXTO:
Os confrontos entre Jesus e os líderes religiosos de Israel chegam ao ápice na última semana de Jesus, quando Ele e Seus discípulos vão para o templo em Jerusalém para celebrarem a Páscoa.
Do primeiro ao último dia no templo, nós podemos ver os ferozes confrontos entre Jesus e os líderes de Israel. O templo foi o grande foco de Jesus, não a estrutura física em si, mas tudo o que o templo representava.
O primeiro dia é marcado pela Sua entrada em Jerusalém (11:1-10) e pela Sua visita ao templo (11:11). O segundo dia é quando Jesus amaldiçoa a figueira (simbolizando a maldição que viria sobre todo o sistema religioso de Israel – 11:12-14) e depois vai ao templo para condená-lo. Como vimos, Jesus não o purifica, mas sim amaldiçoa através de Suas ações e palavras (11:15-19). O terceiro dia começa com o Senhor tirando os olhos dos discípulos do sistema religioso de Israel e lembrando-os do novo templo - ele seria o novo templo pela fé: lugar de oração e perdão (11:20-26). Quando eles chegam ao templo no terceiro dia, a intensidade da ira dos líderes religiosos está altíssima; eles tentam apanhar Jesus de todas as formas possíveis (12:12-13): 1 – Eles questionam Jesus sobre a autoridade dEle para fazer o que Ele havia feito no segundo dia (11:27-33); 2 – Os fariseus e herodianos tentam apanhar Jesus com uma pergunta sobre impostos (12:13-17); 3 – Os saduceus tentam humilhar Jesus em público com uma questão sobre a ressurreição (12:18-27); 4 – Depois um mestre da lei tenta apanhar Jesus com a pergunta sobre o maior dos mandamentos.
Quando os líderes de Israel chegam ao fim dos recursos na tentativa de apanhar Jesus, então o nosso Senhor parte para o ataque com: 1 – A questão do Senhor de Davi (12:35-37); 2 – Ensinos sobre o perigo dos líderes religiosos (12:38-40); 3 – O ensino sobre a viúva – contrasta a simplicidade dela com a ostentação dos líderes (12:41-44).
Tudo isso ocorreu dentro do templo.
DIVISÃO DO ESTUDO:
I – O ENCORAJAR DE UM DISCÍPULO (V.1)
II – O DESENCORAJAR DE JESUS (V.2)
III – A PERGUNTA DOS DISCÍPULOS (VS.3-4)
IV – JESUS ALERTA SOBRE O PERIGO DE BUSCAR SINAIS (VS.5-13)


I – O ENCORAJAR DE UM DISCÍPULO (13:1)
V.1 - Quando ele estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse: "Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas!"?
Marcos 13:1 nos dá uma continuidade no terceiro dia. O terceiro dia de Jesus foi marcado pela incansável tentativa dos líderes religiosos de Israel de apanhar o Messias em alguma de Suas respostas.
Agora é necessário nos colocarmos no lugar daqueles discípulos. Como Marcos tem nos mostrado, eles ainda estão com sérias dificuldades em compreender que o Messias deveria sofrer e morrer. Esse foi provavelmente o dia mais intenso da vida deles até o momento, pois tudo indicava que Jesus seria pego e condenado por causa das perguntas feitas pelos líderes de Israel. Se Jesus fosse condenado naquela hora, eles provavelmente seriam condenados juntamente. Mas o versículo 1 nos mostra que eles saíram do templo sem maiores consequências.
A cena de Jesus e Seus discípulos saindo do templo aponta para duas realidades:
1 – ALÍVIO:
Para os discípulos a saída do templo é um alívio, pois eles saem daquele ar intenso de ódio. Conseguiram sair sãos e salvos das inúmeras armadilhas colocadas pelos líderes religiosos.
2 – CONDENAÇÃO:
Para Jesus, a saída do templo é um sinal de condenação, pois Ele não voltará mais para aquele lugar – a glória de Deus, Jesus Cristo, vai embora do templo.
A Verdade abandona o templo.
Enquanto eles saíam, um dos discípulos faz um comentário: "Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas!"
Sabemos pelos relatos históricos, que o templo era realmente uma das maravilhas do mundo antigo. Pouquíssimos lugares se assemelhavam em beleza ao templo de Israel. Josefo diz que as pedras tinham 11 metros de comprimento e 3,7 de altura. Parte da estrutura era toda banhada em ouro e quando o sol refletia as pessoas não conseguiam nem olhar direito devido ao brilho.
Mas muito mais do que só um comentário de um turista caipira da Galiléia em Jerusalém, na cidade grande, as palavras do discípulo servem como uma tentativa de encorajar Jesus. Eles ainda tinham a Teologia de Sião como um aspecto fundamental da fé deles. Eles criam que o maravilhoso templo e a cidade de Jerusalém eram a garantia e segurança dos justos e do reinado do Messias.
O templo continha a Arca da Presença – o estrado dos pés de Deus.
A arca representava a manifestação especial da soberana presença de Deus que estendia dos céus a terra.” (G.K. Beale, The Temple and the Church´s Mission, IVP, pg 139)
Ver Salmo 132 (7-8,13-15); 134.
Era costume dos judeus olharem para o templo e louvarem a Deus. Ver Salmo 48 (principalmente versículos 1-3,8-9,12-14). Eles eram encorajados a contemplarem o templo como sinal da garantia de vitória.
O que o discípulo está fazendo é uma tentativa de reanimar Jesus e os outros. É como se ele estivesse tentando tirar os olhos deles de todos os conflitos para colocá-los no magnífico templo – lugar da habitação de Deus. O templo era a segurança da presença de Deus no meio deles.
Para eles, aquele templo simbolizava a eternidade de Jerusalém. Portanto esse discípulo está querendo realmente encorajá-los de que apesar de todo ataque e confronto, Deus ainda estava ali presente naquele templo e naquela cidade – ao lado deles!
O que ele deseja é encorajar Jesus colocando os olhos dEle no templo em Jerusalém, como se ele estivesse dizendo, “Mestre não desanime, olhe a beleza desse templo, Deus está do nosso lado. Não temos nada a temer!
E, após o dia terrível que eles tiveram, esta seria uma forma adequada de incentivar o seu mestre: a cidade de Jerusalém mostrava que o futuro era seguro para o povo de Deus!” (Peter Bolt - Whatever happened to October 29 1992?)
Como o Evangelho de Marcos tem nos mostrado, os discípulos continuam sem um entendimento profundo sobre o Messias.
O versículo 1 nos mostra:
1 – Que a glória de Deus, Jesus Cristo, havia abandonado aquele templo de forma definitiva. A graça, misericórdia, amor e a verdade partiram daquele lugar.
2 – Os discípulos ainda têm a segurança no lugar errado. Eles ainda têm a segurança deles no templo, e não em Jesus!
Onde está a sua segurança? Não coloque suas esperanças em estruturas religiosas, denominações, templos de igreja, modos de adoração. Que a nossa esperança não esteja em lugares onde o mundo nos ensina que deve estar, mas só em Cristo, e este crucificado pelos nossos pecados!
II – O DESENCORAJAR DE JESUS (V.2)
v.2 – "Você está vendo todas estas grandes construções?", perguntou Jesus. "Aqui não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas".
É aqui que Jesus choca os Seus discípulos! Ele não louva a cidade nem o templo como era o costume e o esperado, mas Ele traz uma duríssima palavra de condenação. Ninguém esperava isso de um judeu, muito menos do Messias!
A resposta de Jesus foi como um “gancho de direita” nos discípulos, pois Ele mostra que a segurança do povo de Deus não deve estar na Teologia de Sião, pois Jerusalém e o templo não são segurança para ninguém.
Jesus é o cumprimento da Teologia de Sião – a Ele os povo vão adorar, nEle encontramos purificação dos pecados, Ele é o sumo-sacerdote, as oração são direcionadas a Cristo e não ao templo. Mas os discípulos ainda não compreenderam isso!
Agora imagine quão perturbados ficaram os corações daqueles homens, pois se o templo e a cidade eram símbolos do Reinado de Deus, o que então ia acontecer com o Reino de Deus?
Era esperado que o Messias reinasse do Seu templo - como fica isso agora? Jesus é o Messias (8:29) – como pode Ele dizer que o lugar de Seu reinado será destruído?
"Aqui não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas"
A linguagem de Jesus é de destruição total. No grego essa frase tem duas negações, enfatizando de forma específica a total destruição.
Mas a questão que fica é:
Estava Jesus falando primeiramente sobre a estrutura física do templo - sobre a construção em si? Ou estaria Jesus falando de uma destruição espiritual - fim de toda a antiga aliança, todo um sistema de sacrifícios, o fim de uma ordem religiosa já cumprida e, portanto, antiquada (Hb 8:13)?
A grande maioria das pessoas interpreta essa passagem como se o foco de Jesus estivesse no templo físico – na construção e nas pedras literais. Essas pessoas veem o cumprimento dessas palavras na destruição do templo em 70 d.C. por Tito.
Será que a destruição do templo físico em 70 não foi uma consequência da destruição espiritual que já havia ocorrido com a morte de Jesus? Não estaria Jesus mais preocupado com o aspecto espiritual que o templo representava do que com a estrutura material?
Em minha opinião, o mais correto é interpretar as palavras de Jesus como se referindo à destruição espiritual total do templo e tudo o que ele representava.
Jesus já havia falado do templo de forma simbólica – Jo 2:19-22 Jesus lhes respondeu: "Destruam este templo, e eu o levantarei em três dias". 20 Os judeus responderam: "Este templo levou quarenta e seis anos para ser edificado, e o senhor vai levantá-lo em três dias?" 21 Mas o templo do qual ele falava era o seu corpo. 22 Depois que ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se do que ele tinha dito. Então creram na Escritura e na palavra que Jesus dissera.
O foco de Jesus é em uma adoração espiritual (Jo 4:23-24), portanto a destruição a que Ele se refere é a destruição espiritual de todo um sistema religioso incapaz de promover o perdão dos pecados.
O templo representava todo um sistema religioso que apontava para a realidade, que é Jesus!
O templo demonstrava e proclamava a necessidade de um sacrifício que uma vez por todas iria trazer perdão e reconciliação (ver Heb.8).
O templo representava a incapacidade do homem de obter perdão através do próprio esforço.
O templo apontava para a realidade de que um dia a presença de Deus sairia daquele lugar e ia encher toda a terra – [isso ocorre com a igreja!].
É disso que Jesus está falando!
Quando o templo cessou de funcionar? Quando os sacrifícios cessaram de ter o propósito inicial de serem sombras do que viria? Quando o templo perdeu a necessidade de ter um sacerdócio que entrasse no Santo dos Santos para interceder pelo povo de Deus?
A resposta que a Palavra de Deus nos dá é que tudo isso ocorre na morte do Cordeiro!
A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO FOI CONCRETIZADA NA MORTE DE JESUS:
A verdade é que o templo teve o processo de destruição iniciado com a vinda de Jesus; o ministério de Jesus começou a destruição do templo (nEle havia perdão de pecados, Ele podia perdoar, a Ele vinham os enfermos, nEle havia a glória da presença de Deus). A Sua morte e ressurreição trouxeram todas as pedras a baixo!
Quando o templo, isto é, todo o sistema religioso de Israel, cessou de funcionar?
Na morte de Jesus quando o véu que isolava a o Santo dos Santos foi rasgado ao meio, a Antiga Aliança foi abolida e o sangue da Nova Aliança foi derramador ratificando assim essa aliança.
A destruição espiritual do templo em Jerusalém ocorreu definitivamente na morte e ressurreição de Jesus, e a sua destruição física veio finalmente em 70 d.C.” (G.K. Beale, The Temple and the Church´s Mission, IVP, pg 193)
A morte de Jesus trouxe o fim do templo e o fim de Israel. Como na morte de Jesus, não sobrou pedra sobre pedra, pois a pedra angular destruiu todo o sistema antigo, cumprindo assim a profecia de Daniel 2. As outras pedras precisavam ser destruídas para que a pedra que foi rejeitada fosse elevada!
O VÉU DO TEMPLO:
Com a morte de Jesus o véu do templo foi rasgado – Mc 15:38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.
O véu do templo era parte essencial daquele lugar, portanto o rasgar do véu representou simbolicamente a destruição do templo.” (G.K. Beale, The Temple and the Church´s Mission, IVP, pg 189)
O véu do templo era todo bordado como se ele fosse um céu todo estrelado – representando todo o universo. O historiador judeu Josefo descreve a beleza do véu e como ele tipificava todo o universo (The War of the Jews, capítulo 5 -http://www.ccel.org/ccel/josephus/works/files/war-5.htm).
O rasgar do véu simbolizava a destruição de todo o cosmo (o templo já era uma representação do mundo). Todos os acontecimentos durante a morte e ressurreição de Jesus indicam a destruição da antiga ordem e começo do estabelecimento de uma nova ordem.
Assim o rasgar do véu indica tanto uma realidade cósmica como religiosa: a destruição da antiga criação e a inauguração da nova criação, que introduz acesso para todos os cristãos para a presença santa de Deus de uma maneira jamais permitida na antiga criação." (G.K. Beale, The Temple and the Church´s Mission, IVP, pg 189)
Se essa é realmente a interpretação mais correta, devido ao contexto de Marcos e o cumprimento dessas palavras em 15:38, podemos então concluir que Jesus não está se referindo à destruição do templo físico e nem à sua segunda volta. O foco do nosso Senhor está na destruição espiritual do templo – e o fim de uma antiga ordem na qual poucos homens tinham acesso ao trono de Deus!
A destruição total do Templo proferida por Jesus se refere ao fim da antiga aliança – Jesus não está falando da construção do templo, mas de tudo o que ele representava. O templo representava uma antiga ordem, uma antiga criação que carecia de um verdadeiro salvador!
**OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Até aqui essas palavras foram declaradas em público. A partir desse momento, muitos dos que seguiam a Jesus, provavelmente, repudiaram essa declaração e a euforia foi chegando ao fim. Pois eles esperavam que o Messias fosse se apossar do templo e governar toda Jerusalém. Mas com a declaração de Jesus que o templo estava prestes a ser destruído, muitos não gostaram (15:29-30) e se tornaram contra Ele!

III – A PERGUNTA DOS DISCÍPULOS (VS.3-4)
V.3 – Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, de frente para o templo, Pedro, Tiago, João e André lhe perguntaram em particular:
Eles se achegam ao monte das Oliveiras e ali eles tinham uma ampla visão daquele magnífico templo construído por Herodes.
Ao sair do Templo e ir para o leste (lugar onde ficava o monte) Jesus nos lembra de Ezequiel 11:22-23: 22 Então os querubins, com as rodas ao lado, estenderam as asas, e a glória do Deus de Israel estava sobre eles. 23 A glória do Senhor subiu da cidade e parou sobre o monte que fica a leste dela.
Jesus, a glória de Deus, saiu do templo e foi para o monte que ficava a leste.
Assim como a glória de Deus havia abandonado o templo de Salomão nos dias de Ezequiel – levando à destruição daquele lugar pelos babilônios, agora a glória de Deus também abandona aquele lugar levando a uma destruição muito pior, não mais física, mas espiritual.

“DE FRENTE PARA O TEMPLO”:
Jesus saiu do templo, foi para o Monte das Oliveiras e se assentou de frente para o templo!
O ‘assentar-se de frente’ vai além de uma mera posição geográfica para uma postura de oposição.
Jesus está de frente – como um inimigo, um oponente!
Lembrando os leitores de Zacarias 14:4 (3 Depois o Senhor sairá à guerra contra aquelas nações, como ele faz em dia de batalha. 4 Naquele dia os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, e o monte se dividirá ao meio, de leste a oeste, por um grande vale, metade do monte será removido para o norte, a outra metade para o sul.)
LHE PERGUNTARAM EM PARTICULAR
Essa é uma característica do ministério de Jesus: 1 – dura proclamação em público; 2- quando as sós com os discípulos, eles perguntam a Jesus; 3 – Jesus responde em particular.
V.4 - "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que tudo isso está prestes a cumprir-se?" (NVI)
Eles ainda estão perturbados pelas palavras de Jesus. Provavelmente eles conversaram entre si “Jesus está realmente ficando louco! Agora ele está falando que o lugar da presença de Deus vai ser destruído novamente” – imagine a confusão na mente daqueles homens!
Eles já não tinham entendido que o Messias precisava sofrer e morrer para depois ressuscitar. Agora as coisas ficam ainda piores, pois Jesus diz que o lugar do reinado do Cristo será destruído!
Por isso eles querem saber mais detalhes sobre essa declaração espantosa de Jesus.
Na mente desses homens, o fim de Jerusalém e seu templo era o fim de todas as coisas.
O fim do templo simboliza o fim de todas as coisas, por isso em Mateus é mais clara a pergunta dos discípulos: Mt 24:3 Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras, os discípulos dirigiram-se a ele em particular e disseram: "Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal da tua vinda (não a segunda vinda, mas a vinda ao Ancião dos Dias – Daniel 7) e do fim dos tempos?"
Algumas pessoas tentam interpretar essa passagem como se houvessem duas ou três perguntas diferentes: a primeira seria sobre a destruição do templo, a segunda sobre a segunda vinda de Cristo, e a terceira sobre o fim dos tempos. Mas a pergunta é sobre um só evento!
Jesus falou que o templo seria destruído – o templo se referia a todo o sistema religioso de Israel. Logo em seguida vem a pergunta dos discípulos. Jesus não falou NADA sobre a Sua segunda vinda e nem sobre o fim dos tempos.
Não há nada indicando que eles [os discípulos] de repente mudaram os tópicos e perguntaram sobre o fim do mundo material.” (David Chilton, Paradise Restored, Dominion Press, pg 89)
O ‘sinal da tua vinda e do fim dos tempos’, em Mateus 24:3, não eram assuntos relacionados à segunda vinda de Jesus e ao fim do mundo como muitos interpretam, mas à chegada do Filho do Homem ao trono do Ancião dos Dias, Sua vindicação e o começo de uma nova era através do reinado do Messias.
Os discípulos teriam associado naturalmente a destruição do templo com o fim dos tempos” (Beale and Carson, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 86)
A pergunta dos discípulos é sobre o mesmo assunto – a DESTRUIÇÃO DO TEMPLO!
A pergunta deles não é “COMO” e nem “POR QUE”, mas “QUANDO”!
Essa pergunta é natural e esperada. Quando alguém anuncia uma catástrofe, é natural perguntar ‘quando’ para que haja uma preparação!
A resposta dessa pergunta está em 13:30 - Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam - Será nos dias deles!
O grande problema vem com a segunda pergunta, “Qual é o sinal?” - eles pedem por sinais.
Uma das lições que Marcos constantemente nos mostra por todo o Evangelho é como os discípulos têm dificuldade em entender e compreender os ensinos de Jesus e muitas vezes eles eram levados pelos ensinos religiosos da época. Essa segunda pergunta mostra exatamente isso.
Mc 8:11-12 11 Os fariseus vieram e começaram a interrogar Jesus. Para pô-lo à prova, pediram-lhe um sinal do céu. 12 Ele suspirou profundamente e disse: "Por que esta geração pede um sinal miraculoso? Eu lhes afirmo que nenhum sinal lhe será dado".
Pedir sinais era característico dos inimigos de Jesus e Ele mesmo disse que não ia agradar ninguém que buscava por sinais. O próprio Jesus os avisou para tomarem cuidado com a influência dos fariseus, e essa pergunta nos mostra o quanto eles ainda precisavam amadurecer.
Jesus passa grande parte do seu discurso alertando os Seus discípulos sobre o perigo de se ficar procurando e buscando sinais! Aqui vemos todo o cuidado pastoral de Jesus em alertar Seus discípulos.
IV – JESUS ALERTA SOBRE O PERIGO DA BUSCA POR SINAIS (VS.5-13)
v.5 – Jesus lhes disse: "Cuidado, que ninguém os engane.”
Jesus começa sua resposta alertando-os contra o perigo de se ficar procurando sinais!
Do versículo 5 ao 23, Jesus usa grande parte do Seu discurso para alertá-los sobre o perigo de se buscar sinais.
** É impressionante como hoje em dia as pessoas ignoram totalmente esses avisos de Jesus. As pessoas ficam procurando em todos os lugares por sinais.
A busca de sinais é extremamente perigosa, pois isso leva para longe da Palavra e como consequência fica-se sem alicerce. É por isso que as pessoas que ficam buscando sinais são enganadas.
CUIDADO” – Gk. βλέπω – olhar com atenção, ver algo com as implicações espirituais.
Essa mesma palavra é usada nos versículos 2, 9, 23, 33.
Assim como o discípulo havia falado para Jesus colocar os Seus olhos no templo, que era um sinal da eterna presença e segurança de Deus, Jesus os exorta a olharem espiritualmente as coisas e não mais naturalmente.
VS. 5-23 --- CUIDADO! [vs.5,923] Jesus alerta os discípulos para que eles tomem muito cuidado com a busca por sinais; ao invés de buscarem sinais eles devem estar atentos para suas próprias vidas.
Ao invés de ficarem procurando sinais nesse mundo caído e marcado pelo pecado, os discípulos devem é estar focados nas suas próprias vidas, pois os dias são terríveis!
V.6 – Jesus lhes disse: "Cuidado, que ninguém os engane. 6 Muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e enganarão a muitos.
Jesus alerta Seus discípulos de que muitos alegariam serem os verdadeiros líderes de Israel.
E foi o que realmente ocorreu durante todo o ministério de Jesus e principalmente durante seu julgamento: os líderes de Israel disseram que Jesus não era o Messias e eles eram os líderes verdadeiros de Israel.
Jesus os alerta para o perigo de se buscar sinais. Eles esperavam outro tipo de Messias, que realizaria o maior de todos os sinais – libertar Israel do império romano. Os líderes de Israel se diziam ser a verdadeira liderança da nação, pois Jesus não tinha realizado esse sinal.
Esses líderes têm por objetivo negar que Jesus é o Messias, e, aqueles que buscam sinais, correm o risco de serem enganados.
Jesus não está se referindo às pessoas na história da humanidade que se autoproclamaram serem o Messias. Falsos cristos é uma referência aos falsos líderes, falsos pastores (Ezequiel 34).
Provavelmente a melhor maneira de interpretar essa passagem à luz do contexto que nos guia é que esses homens não estão proclamando que eles agem na autoridade de Jesus, na tentativa de usurpar o Seu lugar, nem proclamam ser Jesus redivivus, mas eles se apropriam da função que pertencia a Ele, aquela do Messias.” (R.T. France, The New International Greek Testament Commentary on Mark, Eerdmans, pg 510)
Falsos Messias sempre estiveram presentes, homens que negam a autoridade de Jesus!
O foco principal de Jesus é alertá-los do perigo que eles estão correndo. Esses são os últimos dias e eles devem vigiar, e não buscar sinais.
Vs.22-23 Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos. 23 Por isso, fiquem atentos: avisei-os de tudo antecipadamente.
Judas foi engando! É desse perigo que Jesus os está alertando! Esse é o fim dos tempos e se eles não vigiarem, serão levados a crer que Jesus não é realmente o Messias!
Vs.6-13SÃO COISAS QUE SEMPRE EXISTIRAM E SEMPRE EXISTIRÃO NESSE MUNDO MARCADO PELO PECADO!
Vs.7-8GUERRAS E DESASTRES! 7 Quando ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8 Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Essas coisas são o início das dores.
Eu fico impressionado como as pessoas não leem a Bíblia. Sempre escuto pessoas pregando esse texto como prova de que o fim do mundo está próximo, mas é exatamente o contrário que Jesus diz!
Essas coisas sempre estiveram em nosso mundo caído e marcado pelo pecado!
O judaísmo daqueles dias ensinava que guerras e terremotos eram os sinais do fim dos tempos. O livro apócrifo de 4 Esdras 9:3-5 3Portanto, quando verdes terremotos e revoltas dos povos no mundo, 4 então entenderás que o Soberano falou sobre essas coisas 5 Porque, como tudo que é feito no mundo tem um começo e um fim, o fim é evidente:
Jesus corrige essa escatologia!
MAS AINDA NÃO É O FIM --- Alguns alegam que Jesus estava se referindo ao ‘fim do mundo’. A palavra τέλος tem o sentido finalizar ou terminar um processo. O processo que eles estão se referindo é o da destruição do templo!
“Os discípulos perguntaram quando o evento catastrófico predito por Jesus iria ser concretizado (συντελέω), e Jesus responde falando primeiramente sobre quando o fim (τέλος) não iria ocorrer.” (R.T. France, The New International Greek Testament Commentary on Mark, Eerdmans, pg 509)
Muito do vocabulário de Jesus vem dos profetas.
Jr 51:46 Não desanimem nem tenham medo quando ouvirem rumores na terra; um rumor chega este ano, outro no próximo, rumor de violência na terra e de governante contra governante.
Is 19:2 Incitarei egípcio contra egípcio; cada um lutará contra seu irmão, vizinho lutará contra vizinho, cidade contra cidade, reino contra reino.
II Cro 15:6 Porque nação contra nação e cidade contra cidade se despedaçavam; porque Deus os perturbara com toda a angústia.
Ver também Is 29:6; Ez. 38:19; I Re 19:11; Dt 32:24; II Cro 20:9; Sl 105:16; Jr 5:12
São o inÍcio das dores de parto – Tudo isso era apenas o início das dores.
No Antigo Testamento, muitas vezes as dores de parto se referem ao sofrimento de Israel antes da vinda do Messias. Veja Isa. 26:17-18 17Como a mulher grávida prestes a dar à luz se contorce e grita de dor, assim estamos nós na tua presença, ó Senhor. 18 Nós engravidamos e nos contorcemos de dor, mas demos à luz o vento. Não trouxemos salvação à terra; não demos à luz os habitantes do mundo; 66:6-7 Ouçam o estrondo que vem da cidade, o som que vem do templo! É o Senhor que está dando a devida retribuição aos seus inimigos. 7 Antes de entrar em trabalho de parto, ela dá à luz; antes de lhe sobrevirem as dores, ela ganha um menino.
O que Jesus está claramente fazendo é tirando os olhos deles dos acontecimentos externos e para isso Jesus usa a linguagem dos profetas - para causar uma maior atenção.
A preocupação de Jesus é pastoral, é preparar esses homens para o que está por vir. E o que está por vir não será sinalizado com guerras, terremotos e fomes. O sinal será outro (v.14)!
Vs. 9-13POR QUE ELES DEVEM ESTAR ATENTOS?
9"Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoitados nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles. 10 E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações. 11 Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão-somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo. 12 "O irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e o mesmo fará o pai a seu filho. Filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão. 13 Todos odiarão vocês por minha causa; mas aquele que perseverar até o fim será salvo.
O foco do ensino de Jesus aqui é que eles não são meros espectadores. Jesus já havia falado sobre as perseguições e sofrimentos que viriam sobre seus discípulos (6:11; 8:34-38; 10:30), e aqui Ele enfatiza a severidade do tempo em que eles estão vivendo.
Em um mundo como esse, principalmente nesses últimos dias de Israel, os discípulos de Jesus irão encontrar pressões terríveis (vs.9-13) e Jesus os avisa: ‘fiquem atentos’. Eles precisam perseverar até o fim (v.13).” (Peter Bolt, The Cross from a Distance, IVP, pg 93)
V.9 – “FIQUEM ATENTOS” Gk. βλέπω (ver v.5). Novamente Jesus exorta Seus discípulos para que eles parem de olhar alhures e foquem em suas próprias vidas.
Se Jesus estivesse falando sobre a Sua segunda volta, não haveria propósito algum em alertar Seus discípulos, várias vezes, para eles estarem atentos!
V.10 – E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações.
Jesus não está falando que o Evangelho deve ser pregado para todas as nações antes que o mundo o acabe (Paulo diz ter pregado para todo o mundo – Cl 1:5-6, 23; Rm 1:8). No grego há um sentido de prioridade. O foco é prioridade e não cronológico. Jesus prega até o último momento – Pilatos escuta o Evangelho e depois o centurião romano, então chega o fim!
Jesus os alerta para a prioridade do Evangelho! É o compromisso com o Evangelho que ajudará esses homens a ficarem firmes no meio das tribulações.
Vs.11-13 – A tarefa de propagar o Evangelho traz inúmeras tribulações! Ao invés de procurar sinais, eles devem é procurar estar atentos às suas próprias vidas!
Jesus continua usando linguagem do Antigo Testamento. Miqueias 7:6-7 Pois o filho despreza o pai, a filha se rebela contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os seus próprios familiares. 7 Mas, quanto a mim, ficarei atento ao Senhor, esperando em Deus, o meu Salvador, pois o meu Deus me ouvirá.
** Jesus, como o Bom Pastor, tem por objetivo preparar os corações e as mentes dos Seus discípulos para o pior de todos os tempos – o fim da antiga ordem! Como o Bom Pastor, Jesus usa uma linguagem com a qual Seus discípulos já estavam acostumados – a linguagem dos profetas do Antigo Testamento – para alertá-los sobre o que está ocorrendo.
A angústia cósmica descrita é comum na literatura apocalíptica, sendo a linguagem metafórica para a confusão e os tumultos políticos e religiosos, de caráter dramático e abrangentes, causados pela mudança de era na história humana (Is 13:10;34:4;Ez 32:7; Dn 8:10; Jl 2:10; Ag 2:21).” (Craig Blomberg, Jesus e os Evangelhos, Vida Nova, pg 424)
A palavra chave nos versículos de 9 à 13 é ‘ser entregue’ – Gk. παραδίδωμι – vs. 9,11,12. Essa mesma palavra é usada dez vezes no restante de Marcos (14:10,11, 18, 21, 41, 42, 44; 15:1,10, 15).
Há uma progressão na ‘entrega’: 1° seriam entregues aos tribunais e sinagogas (judeus) ---- 2° entregues aos governadores e reis (gentios)
É exatamente esse processo que ocorre com Jesus: em 14:44-47 Judas trai e entrega Jesus; em 15:1 Jesus é entregue aos Gentios.
As coisas sobre as quais Jesus alerta Seus discípulos são as coisas que ocorrem com Ele mesmo – o perfeito representante do grupo!
No decorrer da história vemos o Perfeito Representante dos discípulos, Jesus, sendo entregue aos líderes judeus e romanos, sendo traído por um de Seus irmãos (13:12 – 14:44-47), sendo abandonado pelo Pai e no fim o evangelho é proclamado para o mais gentio dos gentios – 15:39-40, o centurião confessa a divindade de Jesus!
Ele é o único que consegue perseverar até o fim em meio a pior aflição que já ocorreu e que haverá de existir, por isso Ele venceu e trouxe salvação!
CONCLUSÃO:
Os dias em que os discípulos estão vivendo não são só dias de aflições como consequência do pecado, mas porque esses são os últimos dias de Israel. A antiga ordem está para ser destruída; todo um sistema religioso está prestes a ser destruído. O que esses homens precisam é de atenção, cuidado e perseverança.
A destruição do templo proferida por Jesus em 13:2 veio quando o Filho de Deus foi crucificado, tomando sobre Si os nossos pecados e a justa ira de Deus. Naquele momento a antiga ordem foi destruída – uma nova ordem foi estabelecida e um novo representante foi colocado.
É por causa da morte de Jesus que nós, pela fé, podemos dizer, ‘eu sou uma nova criatura!’, pois as coisas velhas se passaram – lá na cruz do Calvário!
Podemos concluir que:
1 – As palavras de Jesus são verdadeiras. A promessa da destruição total do templo ocorreu quando o Seu corpo foi crucificado, o sangue da nova aliança derramado e o véu do templo rasgado ao meio. E isso foi visto por aquela geração.
2 – Que a nossa esperança não esteja nas estruturas de homens (não coloque sua esperança em uma denominação, em uma construção física, nem em um trabalho), mas em Cristo e Ele crucificado pelos nossos pecados.
3 – Aqueles que seguem a Jesus andam por um caminho de sofrimento e tribulação – nenhum discípulo de Cristo é um mero espectador! Perseguições virão - às vezes dentro de casa e muitas vezes fora. Mas a vitória já foi conquistada, precisamos apenas perseverar até o fim!
4 – A nossa prioridade deve ser o Evangelho. Em meio a toda e qualquer tribulação precisamos lembrar que a prioridade do Reino é a proclamação do Evangelho. Qual Evangelho?
O Evangelho da Cruz: os dias e as horas das piores aflições que já ocorreram na história da humanidade, quando todos abandonaram Jesus, quando o sacrilégio terrível – uma abominação total – o Filho de Deus recebeu sobre Si a justa ira de Deus para salvar o Seu povo. Três dias depois Ele ressuscitou e depois ascendeu à direita de Deus e hoje reina! Esse é o Evangelho!

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