terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os Últimos Dias de [acordo com] Jesus Parte I – Marcos 13

Serie de Sermões em Marcos
Titulo: Os Últimos Dias de [acordo com] Jesus Parte I – Marcos 13
Pregado na manhã de Domingo, do dia 30 de Janeiro de 2012,
na Igreja Reformada em Campinas Soli Deo Gloria,
por Gustavo Barros

Versão em vídeo

Introdução e Contextualização:
Chegamos a um dos capítulos mais importantes de todo o evangelho de Marcos. Esse capítulo não é só importante pelo conteúdo teológico que nele há, mas por toda a controvérsia de interpretação que ele produziu e ainda produz.
Com certeza, esse é um dos textos mais abusados e mal interpretados de toda a Bíblia.
Além das inúmeras falsas profecias sobre o fim do mundo, tendo como base esse texto, o filósofo inglês Bertrand Russel, que escreveu Why I AM Not a Christian, usa passagens desse capítulo de Marcos para criticar Jesus e o cristianismo. A principal passagem usada por ele é Marcos 13:30. Ele alega que Jesus estava enganado sobre o fim dos tempos e que, se Jesus estava enganado, então Ele não foi perfeito.
Precisamos estudar de forma séria esse texto para que: 1) possamos retirar todos os nutrientes espirituais para o nosso crescimento em santidade; 2) não façamos como tantos outros que deturparam a passagem e criaram falsas esperanças; 3) possamos nos defender de ataques como o de Bertrand Russel.
Geddert disse, “Uma tarefa ainda não foi cumprida: a tarefa de interpretar Marcos 13 cuidadosamente e compreensivamente no contexto do Evangelho de Marcos.” (T.J. Geddert, Watchwords – Mark 13 in Markan Eschatology, JSOT, 1989)
Esse é o nosso objetivo – estudar Marcos 13 no contexto do evangelho de Marcos. Como os discípulos de Jesus entenderam esse discurso? Como a igreja primitiva ouviu essa mensagem?
Para que possamos analisar o texto em seu contexto, é necessário um grande esforço de todos nós.
COMO INTERPRETAR ESSA PASSAGEM:
1 – Nós precisamos ler todo o texto e ver qual é a ideia principal do ensino de Jesus. Ao invés de nos preocuparmos com os detalhes, como é costume de muitos, primeiramente precisamos ver o que Jesus está realmente ensinando. Qual o ensino principal?
** Um dos grandes problemas é que a maioria das pessoas tenta interpretar de forma rigorosa todos os detalhes desse longo discurso de Jesus. Eles tentam de todas as formas encontrar os cumprimentos de cada palavra de Jesus na história da humanidade – isso cria muitos problemas.
Muito da linguagem dos profetas, quando se referiam ao fim dos tempos, era cheia de simbolismo e metáforas (palavras como cálice, testa, braço, estrelas...).
Ficar buscando significado e cumprimento histórico em todas as palavras de Jesus, que muitos supõem que eram profecias sobre o fim de Jerusalém ou sobre a segunda vinda, é voltar no tempo e se comportar como os antigos alegorizadores que buscavam significado em todos os detalhes das parábolas. Se formos por esse caminho, precisaremos procurar relatos de mulheres grávidas, pessoas no telhado da casa, pessoas no campo sem manto (13:15-17). Fica muito difícil esse tipo de interpretação literal e histórica de todos os detalhes, pois o próprio texto tem generalizações (por exemplo, v.18).
O gênero apocalíptico não fica preso a detalhes, mas tem foco no conteúdo como um todo.
O livro de Apocalipse tem várias passagens que seriam impossíveis de serem interpretadas como algo literal e histórico. O mesmo ocorre com os livros de Ezequiel, Daniel e Zacarias.
Geralmente, a linguagem metafórica e com hipérboles tem o objetivo de mostrar a seriedade do que está ocorrendo ou está para ocorrer.
O mesmo acontece com o discurso apocalíptico de Jesus em Marcos 13. O nosso Senhor usa linguagem apocalíptica, cheia de simbolismo para mostrar a severidade e a importância do que está para ocorrer! Muito do vocabulário de Jesus vem dos profetas, quando esses anunciavam o grande dia do Senhor, o dia de julgamento!
Portanto, não devemos ficar presos a detalhes primeiramente, mas ao conteúdo principal. Os detalhes mais obscuros devem ser interpretados à luz dos ensinos claros e não ao contrário!
2 – A Bíblia interpreta a Bíblia. Não são os jornais e nem os acontecimentos no mundo que interpretam as passagens bíblicas, mas a própria Palavra.
*Muitas pessoas tendem a olhar para passagens bíblicas como essa e procurar o significado e a interpretação em acontecimentos históricos. Mas não devemos interpretar a Palavra de Deus dessa forma. A Palavra interpreta a própria Palavra!
Como o próprio evangelho de Marcos interpreta esse texto? Como o conteúdo principal do capítulo 13 é desvendado no decorrer de Marcos?
3 – Todo texto se encontra em um contexto. Sempre que estudamos uma passagem, nós precisamos de todo o contexto (contexto do capítulo, do livro e da Bíblia). Qual o contexto todo dessa passagem?
4 – É necessário entendermos a escatologia do Antigo Testamento. Na escatologia do A.T. o foco não é a segunda vinda do Messias, mas a primeira. A Nova Aliança é concretizada na morte de Jesus. O templo cessa de exercer sua função com a morte de Jesus (ver Hebreus 8-10). Todo domínio, honra, poder e glória são dados a Jesus na ascensão dEle ao trono de Deus (Daniel 7:13-14). A redenção verdadeira é concretizada na morte do Servo Sofredor (Isaias 53).
A escatologia do A.T. tinha como foco principal a primeira vinda do Messias, a Sua morte, ressurreição e ascensão.
A morte, ressurreição e ascensão de Jesus trouxeram o julgamento do final dos tempos? Sim! A antiga ordem foi julgada. Uma nova ordem foi estabelecida. Uma nova era começou! Com a chegada do Filho do Homem à direita do Pai, o reino e o poder foram transferidos para Jesus. O Novo Testamento deixa bem claro que o reinado e o poder pertencem a Jesus (At 2:32-33,36 32 Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas desse fato.33 Exaltado à direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e derramou o que vocês agora vêem e ouvem.36 "Portanto, que todo Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo".
; Hb 8:1-2 O mais importante do que estamos tratando é que temos um sumo sacerdote como esse, o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus 2 e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem; 1:1-3 Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,2 A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.3 O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas; 10:12-13 Mas quando este sacerdote acabou de oferecer, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à direita de Deus 9assentar representa o domínio e reinado). 13 Daí em diante, ele está esperando até que os seus inimigos sejam colocados como estrado dos seus pés; I Co 15:23-25 Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. 24 Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. 25 Pois é necessário que ele reine (ele está reinando) até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés; Ap 3:21 Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono).
Muitos cristãos passam a vida tão apreensivos com a segunda volta de Jesus que se esquecem de todos os privilégios e bênçãos que Cristo já conquistou com a sua vinda, morte, ressurreição e ascensão. Ele voltará só para finalizar o que Ele já conquistou!
Então, é importante lembrarmos a escatologia do Antigo Testamento! Jesus e seus discípulos compartilhavam da escatologia do Antigo Testamento, a qual focava em um grande evento no final dos tempos, isto é, a manifestação do Reino de Deus (Dan. 2:44; 7:13-14). Jesus estava preocupado em alertá-los desse grande dia, o dia que traria o fim de Israel e seu sistema religioso e o fim da antiga ordem. Isso tudo ocorreu na crucificação e exaltação (ascensão) de Jesus, quando o Filho do Homem ascendeu às alturas, assentou-se a direita do Pai e recebeu o domínio do Reino!
DIFERENTES INTERPRETAÇÕES DE MARCOS 13:
Marcos 13 tem pelos menos 5 tipos de interpretações. Segue os 3 tipos mais comuns e mais encontrados:
1 – A grande maioria interpreta essa passagem com uma referência a 2° vinda de Jesus (parousia). Eles entendem que as palavras de Jesus são profecias sobre a segunda vinda de Jesus e o fim do mundo. Essas pessoas ficam buscando sinais.
2 – Muitos acreditam que Jesus não estava se referindo à Sua segunda vinda, mas Ele estava falando sobre a destruição do templo e de Jerusalém em 70 d.C. pelo então comandante romano Tito.
3 – Alguns misturam as duas interpretações dizendo que Jesus se referia tanto a destruição do templo em 70 como também ao fim dos tempos e Sua segunda volta. Vendo nas palavras de Jesus um duplo e até triplo sentido.
Quando consideramos o evangelho de Marcos como um conjunto, nós achamos sérios problemas com essas interpretações. O contexto deixa claro que Jesus está falando sobre um evento e não vários!
CHAVES IMPORTANTES PARA NÓS ABRIRMOS A INTERPRETAÇÃO DE MARCOS 13:
1 – A VINDA DO FILHO DO HOMEM (Mc 13:24-26):
A vinda do Filho do Homem é o evento que possui a chave para a interpretação desse discurso e, portanto, de todo o capítulo 13 de Marcos.” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 94)
Muitos interpretam essa passagem como se referindo a vinda de Jesus dos céus para a terra. Isso implica em uma leitura deturpada de Daniel 7:13-14. O problema fica mais grave, pois quando interpretamos que o Filho do Homem está vindo dos céus para a terra nós fazemos Jesus culpado por essa aplicação e leitura errada do texto de Daniel.
A ‘vinda do Filho do Homem’ é uma citação de Daniel 7:12-14 - 12E foi tirada a autoridade dos outros animais, mas eles tiveram permissão para viver por um período de tempo.13 "Na minha visão à noite, vi alguém semelhante a um filho de um homem, vindo com as nuvens dos céus. Ele se aproximou do ancião e foi conduzido à sua presença. 14 A ele foram dados autoridade, glória e reino; todos os povos, nações e homens de todas as línguas o adoraram. Seu domínio é um domínio eterno que não acabará, e seu reino jamais será destruído.
A visão que Daniel teve foi da história da humanidade, com reinos se levantando contra reinos (compare com Mc 13:7-8). Em seguida o profeta vê uma cena de julgamento com o Ancião dos Dias tomando o Seu lugar na corte e os livros sendo abertos (7:9-10). Em seguida o domínio é retirado das nações (v.12) e Daniel vê uma figura humana e divina que vai, nas nuvens, ao Ancião dos Dias e recebe um trono, autoridade, glória e um domínio eterno.
A linguagem é semelhante a Daniel 2:44 e 4:34 que falam do domínio eterno de Deus sobre os domínios da terra.
A questão é: Quando a profecia de Daniel 7:13-14 foi cumprida?
Daniel perguntou quando isso tudo ocorreria, mas ele foi prometido que não viria (cap. 12). O que ele tanto ansiava ver, Jesus nos diz que os discípulos viram (Lc 10:24; I Pe 1:10-11).
Jesus prometeu a mesma coisa em Marcos 14:62 – 60 Depois o sumo sacerdote levantou-se diante deles e perguntou a Jesus: "Você não vai responder à acusação que estes lhe fazem?" 61Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu. Outra vez o sumo sacerdote lhe perguntou: "Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito?" 62 "Sou", disse Jesus. "E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu". 63 O sumo sacerdote, rasgando as próprias vestes, perguntou: "Por que precisamos de mais testemunhas? 64 Vocês ouviram a blasfêmia. Que acham?" Todos o julgaram digno de morte.
A própria Bíblia nos diz quando essa profecia foi cumprida. E vemos que Daniel 7:13-14 foi cumprido na ascensão de Jesus.
Os grandes teólogos na história da igreja alegam que Daniel 7:13-14 foi cumprido com a ascensão de Jesus.
Calvino comentando sobre Daniel 7 disse, “Essa passagem, portanto, sem a menor sombra de dúvida, deve ser recebida como a ascensão de Cristo, quando ele cessou de ser um ser mortal.
Vemos isso através do Novo Testamento:
Mc 16:19 Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado ao céu e assentou-se à direita de Deus; Mt 28:19 Então, Jesus aproximou-se deles e disse: "Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra”; At 1:9-11 Tendo dito isso, foi elevado às alturas enquanto eles olhavam, e uma nuvem o encobriu da vista deles. 10 E eles ficaram com os olhos fixos no céu enquanto ele subia. De repente surgiram diante deles dois homens vestidos de branco, 11 que lhes disseram: "Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir"; At 7:55 Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo, levantou os olhos para o céu e viu a glória de Deus, e Jesus de pé, à direita de Deus, 56 e disse: "Vejo o céu aberto e o Filho do homem de pé, à direita de Deus"; Ef 1:20-23 Esse poder ele exerceu em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e fazendo-o assentar-se à sua direita, nas regiões celestiais, 21 muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir. 22 Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou como cabeça de todas as coisas para a igreja, 23 que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância; Fp 2:8-11 E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! 9 Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai; Hb 1:1-3 Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho,2 A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.3 O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas; I Pe 3:22 - por meio da ressurreição de Jesus Cristo, 22 que subiu ao céu e está à direita de Deus; a ele estão sujeitos anjos, autoridades e poderes; Ap 1:17-18 Quando o vi, caí aos seus pés como morto. Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: "Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último. 18 Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades; Ap 5:6-13 Então vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, de pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra. 7 Ele se aproximou e recebeu o livro da mão direita daquele que estava assentado no trono.8 Ao recebê-lo, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Cada um deles tinha uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos;9 e eles cantavam um cântico novo: "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. 10Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra".11 Então olhei e ouvi a voz de muitos anjos, milhares de milhares e milhões de milhões. Eles rodeavam o trono, bem como os seres viventes e os anciãos, 12 e cantavam em alta voz: "Digno é o Cordeiro que foi morto de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor!" 13Depois ouvi todas as criaturas existentes no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, que diziam: "Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre! "
Fica claro que Jesus não estava falando de uma segunda vinda, mas da sua chegada ao trono do Ancião dos Dias e do recebimento de todo poder, glória, autoridade e domínio que ocorreram na sua ascensão, não na segunda vinda, nem na destruição do templo em 70 d.C.
2 – JESUS GARANTIU AQUELA GERAÇÃO DE DISCÍPULOS (13:30):
13:30-31 – “Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão”.
Outra chave importante para interpretar corretamente essa passagem é a promessa de Jesus de que os discípulos viriam isso tudo.
Muitos tentam interpretar a palavra ‘geração’ como ‘raça’, assim, Jesus estaria dizendo que a raça dos judeus não terminaria até que todas essas coisas ocorressem.
O grande problema é que a palavra ‘geração’ (Gk. γενε) não se refere à raça no Novo Testamento.
Aqueles que nascem no mesmo tempo constituem uma geração (genea)” (The NIV Theological Dictionary of New Testament Words, Zondervan, pg 243)
A conclusão é que os eventos profetizados ocorreram durante a vida da geração que estava vivendo.” (David Chilton, Paradise Restored, Dominion Press, pg 86)
Jesus já havia feito semelhante promessa aos Seus discípulos:
Mc 9:1 E lhes disse: "Garanto-lhes que alguns dos que aqui estão de modo nenhum experimentarão a morte, antes de verem o Reino de Deus vindo com poder".
Portanto, fica claro que o que Jesus está prometendo iria ocorrer na vida dos discípulos, não se trata de eventos sobre o fim do mundo.
V. 4 Dize-nos, quando serão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir
V.30 Eu lhes asseguro que não passará esta geração até que todas essas coisas aconteçam.
Todas as coisas faladas e prometidas por Jesus tinham de ocorrer durante a vida daqueles discípulos. Por isso é impossível de ser a segunda vinda!
Muitos discípulos morreram antes da destruição do templo em 70 d.C.
Assim podemos concluir que:
- Jesus não estava se referindo à Sua segunda vinda.
- Jesus não estava se referindo à destruição do templo em Jerusalém.
- Jesus prometeu que aqueles homens viriam a ‘vinda do Filho do Homem’, e eles viram a ascensão de Jesus!
3 – O ‘SACRILÉGIO TERRÍVEL’ (NVI) OU A ‘abominação do assolamentO’ (ACF) (13:14):
13:14 – Quando vocês virem ‘o sacrilégio terrível’ no lugar onde não deve estar — quem lê, entenda — então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes.
Nos versículos 5-8 Jesus fala de coisas normais nesse mundo caído e afetado pelo pecado que em nada sinalizam o fim. Mas o versículo 14 tem uma mudança no tom. A ‘abominação’ é algo que sinaliza o fim!
Essa frase vem de Daniel – veja como Jesus coloca, “quem lê, entenda” (quem lê Daniel). Jesus mostra a importância de entender Daniel, pois está para ser cumprida a profecia.
A frase tem o sentido de algo que é “um sacrilégio, uma abominação para Deus, e que é destrutivo” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 100)
Em todo caso, essa expressão deixou uma marca permanente na consciência dos judeus, e ela passou a simbolizar uma terrível afronta à santidade da casa de Deus e a Deus.” (Beale and Carson, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 223)
FUTURISTAS: As pessoas que acreditam que Jesus estava falando sobre o fim do mundo alegam que esse ‘sacrilégio’ é o Anticristo que irá tomar o seu lugar em um novo templo em Jerusalém.
PRETERISTAS: Aqueles que alegam que Jesus estava falando sobre a destruição do templo têm muita dificuldade em identificar quem foi a ‘abominação’ – alguns alegam que foi Calígula, outros dizem ser Tito, ou o sacerdócio dos zelotes.
MINHA INTERPRETAÇÃO:
No contexto do evangelho, o sacrilégio terrível, a abominação do assolamento é a cruz!
Se essa linguagem apocalíptica está preparando os discípulos para morte vindoura de Jesus, isso implica que a crucificação será o ato destrutivo do sacrilégio. Isso se encaixa com o resto da história de Marcos, pois poderia haver um maior ato de sacrilégio do que a destruição do Filho de Deus de forma tão horrorosa? A liderança de Israel receberá o tão esperado Messias entregando-O para os gentios; isto é, entregando-O a ira de Deus. E se isso não fosse sacrilégio o suficiente, Pilatos, o representante dos gentios, receberá o Messias de Israel, e irá condená-Lo a morte através da crucificação... Se a destruição do templo de Deus por Nabucodonosor em 587 a.C., ou a profanação do templo por Ântioco Epifânio em 169 a.C., foi uma abominação cometida pelos gentios, quanto mais é o ‘templo do seu corpo’ profanado quando os gentios destroem o Filho de Deus na cruz ” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 101)
Dessa vez não foi Antioco Epifânio, mas, ironicamente, a liderança rebelde de Israel, cuja cega idolatria os levou a guerrear com o povo de Deus e matar o Filho do Homem.” (Beale and Carson, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 224)
Se Jesus é a pedra angular do novo templo de Deus, então crucificá-Lo é verdadeiramente o ato supremo de profanação no templo. Por isso, o rasgar do véu na morte de Jesus é o sinal profético de que o templo está efetivamente ‘morto’’” (Beale and Carson, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 224)
A abominação do assolamento é Jesus Cristo crucificado! Por isso, Jesus disse que eles viriam tamanho sacrilégio! Não se trata de um futuro anticristo entrando em um templo em Jerusalém e nem de Tito destruindo o templo em 70, mas do Filho de Deus sendo entregue a ira de Deus!
4 – A GRANDE TRIBULAÇÃO (13:19):

Mc 13:19 – Porque aqueles serão dias de tribulação (aflição) como nunca houve desde que Deus criou o mundo até agora, nem jamais haverá.(NVI) OU Porque naqueles dias haverá uma aflição tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá. (ACF)
Pessoas interpretam esse período das mais variadas formas. Alguns alegam que esse tempo está sendo o tempo de tribulação da nação de Israel, outros dizem que esses serão os dias da grande tribulação antes do arrebatamento da igreja, outros veem esse período como o tempo que antecede a vinda de Jesus. Alguns preteristas interpretam esse período como o tempo de destruição de Jerusalém pelos romanos entre 67-70 d.C.
Veja que Jesus percorre desde o tempo da criação até o fim dos tempos, indicando que essa aflição vindoura excederia qualquer sofrimento já visto ou experimentado em toda a história.
Tempo pior que o dilúvio nos dias de Noé, pior que a destruição de Sodoma e Gomorra, mais severo que a destruição de Jerusalém pelos babilônios em 586 a.C., pior que as guerras com Antioco Epifânio e pior que o holocausto comandado por Hitler.
Só um acontecimento pode ter sido esse tempo de tamanha aflição: a agonia do Filho do Homem ao levar o pecado do Seu povo na cruz e ter sido abandonado pelo Pai.
Não há nada superficial e de pouca importância nos sofrimentos de Cristo na cruz. A Sua morte foi o maior sofrimento que esse mundo já viu – ou verá. Nunca algum sofrimento irá superar o que Jesus experimentou na cruz” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 103)
O próprio filho do Deus tomou os pecados do mundo inteiro em seus ombros e gritou 'meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?’. Aquilo nunca tinha sido visto antes e nunca será repetido. Aquele foi o tempo de maior angústia e sofrimento que já ocorreu, não é de admirar a pressão que estava sobre os discípulos para negarem o seu mestre e fugirem para segurança.
Poderiam os sofrimentos de Jesus no processo todo da crucificação (humilhado, traído, cuspido, espancado, despido, abandonado, destruído, crucificado como um marginal) serem comparados com qualquer outro tipo de sofrimento?
Quem ousa dizer que houve ou haverá sofrimentos e tribulações piores do que os que Cristo passou?
É muita superficialidade alegar que os dias durante a destruição de Jerusalém em 70 d.C. foram piores do que o processo de crucificação do Filho de Deus! Ou que qualquer outro período na história da humanidade possa ser comparado com aquele tempo de angústia e sofrimento que Jesus tomou sobre Si.
Podemos concluir que certas passagens em Marcos 13 nos fazem ver que o foco do ensino apocalíptico de Jesus não é a Sua segunda vinda, nem a destruição de Jerusalém em 70, mas uma preparação para a Sua morte e ascensão!
PROBLEMAS COM AS INTERPRETAÇÕES PRETERISTAS E FUTURISTAS:
1 – INTERPRETAÇÃO FUTURISTA:
É realmente MUITO difícil acreditar que os discípulos estavam falando sobre a segunda vinda de Jesus, pois:
A) A escatologia do Antigo Testamento não foca na segunda volta de Jesus, mas na vinda do Messias. O que eles mais ansiavam era a chegada do Messias e não uma suposta segunda volta.
B) Os discípulos tiveram extrema dificuldade em compreender a necessidade da morte de Jesus, quanto mais esperar uma segunda volta! Após a morte de Jesus, eles ficaram tristes e até mesmo decepcionados (Lc 24:1-8, 13-27; Jo 21).
Mc 9:10 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10 Eles guardaram o assunto apenas entre si, discutindo o que significaria "ressuscitar dos mortos"
Se eles ainda não entendiam a ressurreição e ascensão, muito menos uma segunda volta!
Outro problema com a interpretação futurista é a alegação de que Cristo não sabe quando Ele irá voltar.
Mc 13:32 Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.
Jesus disse que não sabia o tempo exato do que Ele estava falando para os Seus discípulos. Sobre o que Jesus não sabia o tempo exato?
Seria um tremendo absurdo afirmar que Jesus não sabe quando Ele irá voltar, pois a Bíblia mostra que Ele sabe.
Ap 6:9-11 Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. 10 Eles clamavam em alta voz: "Até quando, ó Soberano santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?" 11Então cada um deles recebeu uma veste branca, e foi-lhes dito que esperassem um pouco mais, até que se completasse o número dos seus conservos e irmãos, que deveriam ser mortos como eles.
I Co 15:23-25 Mas cada um por sua vez: Cristo, o primeiro; depois, quando ele vier, os que lhe pertencem. 24 Então virá o fim, quando ele entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. 25 Pois é necessário que ele reine (ele está reinando) até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés;
Ele está reinando e preparando tudo para a Sua volta. A Trindade sabe quando Jesus voltará.
A interpretação mais coerente é que, como homem ainda na terra, Jesus não sabia com exatidão o momento da Sua morte. Ele sabia como e quando, mas não a exatidão do tempo – talvez para aumentar ainda mais os Seus sofrimentos e angústia!
O que Jesus fala para os discípulos é que, como Ele, eles precisavam ficar atentos, pois estava para ocorrer. Os momentos de Jesus no jardim do Getsêmani nos mostram a aflição de Jesus. Ele sabia que estava para ocorrer, mas como homem Ele não sabia o tempo exato. Coube a Trindade decidir que só o Pai soubesse.
2 – INTERPRETAÇÃO PRETERISTAS (TEMPLO EM 70 d.C.)
O grande problema com a interpretação de que Jesus estava se referindo a destruição física do templo em 70 d.C. é que esse tipo de intepretação coloca uma ênfase enorme em um acontecimento na história política da nação de Israel após o fim da Antiga Aliança. A invasão do exército romano em 70 passa a ter mais importância teológica do que a crucificação e a ascensão de Jesus, o que é um absurdo na história da redenção!
As ações de Jesus no templo e contra o templo não eram com relação à estrutura do edifício, mas Jesus estava condenando todo o sistema religioso que aquele lugar representava. O foco de Jesus estava na condenação da liderança do templo e não na construção em si.
O contexto todo de Marcos 13 não revela um tema contra o templo em si, mas sim um tema contra as autoridades religiosas” (Peter Bolt, Mark 13: An Apocalyptic Precursor to the Passion Narrative, The Reformed Theological Review, pg 19)
Com a morte de Jesus, o templo perdeu toda a sua função religiosa. Jerusalém já não era mais o foco, mas sim todas as nações. A igreja se tornou o Israel de Deus. O único foco que o templo recebe no Novo Testamento é na carta aos Hebreus, onde o autor usa o templo para mostrar como ele era ineficaz e como Jesus foi o perfeito cumprimento.
A destruição do templo e de Jerusalem em 70 d.C. pelo comandante Tito jamais pode tomar a preeminência quando comparados com a crucificação e ascensão de Jesus!
Nenhuma das cartas do Novo Testamento enfatiza a importância do templo em Jerusalém, pelo contrário, o Novo Testamento deixa bem claro que o templo de Deus é a igreja! Mostrando que, após a morte e ascensão de Jesus, o templo já havia perdido todo propósito. A destruição física foi consequência da destruição espiritual que já havia ocorrido com a morte de Jesus.

ARGUMENTO DO SILÊNCIO:
É importante também notarmos que muitos dos pais apostólicos (segunda e terceira geração de cristãos) não usaram estas passagens para se referir à segunda vinda de Jesus, nem à destruição de Jerusalém em 70 (veja Clemente de Roma 23; 34; Carta de Policarpo 2; Carta de Diogneto 7; Epístola de Barnabé 16 – todas essas passagens falam da vinda de Jesus ou da destruição de Jerusalém, mas nenhuma cita Marcos 13 ou seus paralelos).

JESUS, A CRUZ E A PREOCUPAÇÃO COM OS DISCÍPULOS:

O grande foco do Evangelho é a cruz. A cruz se tornou o fundamento de todas as pregações.
Jesus alertou Seus discípulos várias vezes sobre a Sua morte (Mc 8:31; 9:12, 30-32; 10:32-34, 38) e, como vimos, eles tinham muita dificuldade em entender que o Messias precisava sofrer e morrer. Portanto, não deveríamos ficar espantados se o seu último grande discurso narrado por Marcos fosse Jesus alertando Seus discípulos sobre a iminente aflição e tribulação que estava por vir. Seria muito estranho se, ao invés de alertá-los sobre os Seus sofrimentos e morte, Jesus falasse sobre a destruição de Jerusalém em 70 d.C. ou sobre Sua segunda volta, pois nada no contexto do Evangelho aponta para esse dois assuntos.
A preocupação principal de Jesus é com a preparação e não a destruição de Seus discípulos” (Beale and Carson, Commentary on the New Testament Use of the Old Testament, Baker, pg 223)
Como sempre, Jesus está sendo o bom pastor, pastoreando o coração de Seus discípulos, alertando-os para a realidade que estava para acontecer! Eles não entenderam as coisas que Jesus falou no momento, mas depois todas as palavras de Jesus fizeram sentido!
Jo 12:16 A princípio seus discípulos não entenderam isso (a entrada triunfal). Só depois que Jesus foi glorificado, perceberam que lhe fizeram essas coisas, e que elas estavam escritas a respeito dele.
Não haveria benefício algum profetizar a segunda vinda e demandar que eles ficassem atentos, se ela não ocorreria nos dias deles. Também não seria nada proveitoso para eles ser avisados sobre a destruição de Jerusalém, visto que a maioria deles já estava morta e peregrinando por outros lugares.
Outro detalhe importante é a questão dos períodos da noite:
Marcos 13 encerra com uma parábola chamando os discípulos a vigiarem.

Mc 13:33-37 33 Fiquem atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá esse tempo. 34 É como um homem que sai de viagem. Ele deixa sua casa, encarrega de tarefas cada um dos seus servos e ordena ao porteiro que vigie. 35 Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer. 36 Se ele vier de repente, que não os encontre dormindo! 37 O que lhes digo, digo a todos: Vigiem!
O versículo 35 contém as 4 divisões da noite no império romano. No resto do Evangelho de Marcos serão esses 4 tempos que irão guiar a nossa expectativa para essa hora tão terrível e gloriosa declarada por Jesus.
4 VIGIAS DA NOITE ROMANA:
1° 18h ATÉ ÀS 21h – À TARDE 2° 21h ATÉ À MEIA-NOITE – À MEIA-NOITE
3° MEIA-NOITE ATÉ ÀS 3h – CANTAR DO GALO 4°3h ATÉ ÀS 6h -- AMANHECER
1 – À TARDE?
Mc 14:16-18 E, saindo os seus discípulos, foram à cidade, e acharam como lhes tinha dito, e prepararam a páscoa. 17 E, chegada a tarde, foi com os doze. 18 E, quando estavam assentados a comer, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.
A primeira menção é a tarde, mas dessa vez ainda não ocorreu! Eles celebraram a ceia! A expectativa permanece.
2 – À MEIA-NOITE?
Mc 14:29-30 Pedro declarou: "Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei! " 30 Respondeu Jesus: "Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará". 31Mas Pedro insistia ainda mais: "Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei". E todos os outros disseram o mesmo. 32 Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: "Sentem-se aqui enquanto vou orar".
Apesar de Marcos não falar o horário exato, nós podemos concluir que já estamos na segunda vigia (à meia-noite). É aqui que a ‘hora’ da angústia começa a ficar mais intensa (14:33-346). Os discípulos que deveriam vigiar (13:33-37) são encontrados dormindo. A hora, que antes era desconhecida e necessitava de vigília, chega! 14:41 "Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora! Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.”
A hora da incomparável aflição chegou, por isso, todos fugiram (14:50 – comp. 13:14).
14:62 Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu. Outra vez o sumo sacerdote lhe perguntou: "Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito?" 62"Sou", disse Jesus. "E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu".
Jesus promete novamente o que Ele havia prometido aos discípulos em 13:26.
3 – AO CANTAR DO GALO?
Do outro lado do julgamento, a tribulação é tanta que até Pedro, o mais valente dos discípulos, abandona o seu Senhor como Jesus havia dito. E isso ocorre no ‘cantar do galo’ (14:66-72).
Essa é a terceira referência ao tempo e, apesar da grande tribulação ter começado, ainda não temos a chegada do Filho do Homem.
4 – AO AMANHECER?
Só nos resta um período da noite – o amanhecer!
E esse período aparece duas vezes.
15:1 De manhã bem cedo, os chefes dos sacerdotes com os líderes religiosos, os mestres da lei e todo o Sinédrio chegaram a uma decisão. Amarrando Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
Quando o Sinédrio entrega o Filho de Deus nas mãos dos gentios!
Pilatos entrega Jesus para ser crucificado. A hora que Jesus havia orado para que passasse chega! A hora é enfatizada: vs.25, 33, 34.
O sacrilégio terrível ocorreu. Jesus foi para a cruz e eles ainda zombam dEle (15:31-32).
A hora de tribulação é tão intensa que Jesus grita, "Eloí, Eloí, lamá sabactâni?" que significa: "Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?"(15:34).
16:1-2 E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de manhã cedo, ao nascer do sol.
E é aqui que é relatado que Ele venceu a morte.
Assim como Ele havia falado que precisava sofrer e morrer para depois ressuscitar (8:31; 9:9-13, 31; 10:33-34), Jesus também havia falado que haveria um tempo de imensa tribulação seguida pela chegada do Filho do Homem.
Assim, o Evangelho termina com o Senhor reunindo seus discípulos para enviá-los para reunir todos os escolhidos!
CONCLUSÃO:
Quando lemos e estudamos o capítulo 13 de Marcos no seu contexto e com uma exegese saudável, fica claro que o foco principal do ensino de Jesus está na crucificação e na ascensão dEle. Seria totalmente incoerente interpretarmos esse discurso como relatando os sinais da segunda vinda de Jesus – contextualmente e exegeticamente. Jesus prometeu que todas as aquelas coisas seriam vistas pelos discípulos e a ‘vinda do Filho do Homem’ se refere à chegada de Jesus ao trono celestial e não a Sua vinda de volta à terra.
Seria um absurdo teológico interpretarmos os sofrimentos da nação judaica em 70 d.C. como os piores tempos da humanidade e como um tempo de mais angústia e aflição do que o processo da crucificação de Jesus.
A cruz fala dos nossos pecados, da nossa incapacidade de conseguir a salvação, do amor e do sofrimento inigualável de Jesus.
A ascensão fala da vitória de Jesus, Ele conquistou a morte e ascendeu aos céus e hoje Ele está à direita do Ancião dos Dias – reinando e governando!
Quando estudamos esse texto em seu contexto vemos que a interpretação mais coerente é de que Jesus estava falando de sua morte, ressurreição, ascensão e de toda a tribulação que envolveria esses acontecimentos.
Marcos 13 é uma preparação apocalíptica para a paixão, assim, esse capítulo é muito importante na nossa busca do significado da cruz na história de Marcos.” (Peter Bolt, The Cross from a Distance – Atonement in Mark´s Gospel, IVP, pg 90)

2 comentários:

  1. Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando!
    Orem para que essas coisas não aconteçam no inverno.

    Marcos 13:17-18

    *** gostei muito do seu ponto de vista, esclarecido aqui, mas essa parte do capítulo sempre me intrigou e agora com sua posição mais ainda! Como vc interpreta ou encaixa em sua conclusão esse fato das grávidas, das que amamentam e do inverno?

    e essa parte dos anjos?
    E ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, dos confins da terra até os confins do céu.
    Marcos 13:27

    a Bíblia não relata nada de anjos reunindo os apóstolos, a não ser logo depois da ascensão do Senhor aos Céus!!

    se preferir responder por email lucimaribarro@hotmail.com

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